Manaus – A “grave crise da saúde pública no Estado” e a “suposta omissão do Governo em propor soluções para as problemáticas como a falta de medicamentos e insumos nas unidades hospitalares, ausência de equipamentos para exames e atraso de quase seis meses de salários para os profissionais terceirizados da saúde” são os principais motivos apontados por Wilker Barreto (Podemos) e Demilson Chagas (PP), para o pedido de impeachment do governador Wilson Lima (PSC), protocolado na última terça-feira (17) na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).
Os dois parlamentares são aliados declarados de Amazonino Mendes (sem partido), por sua vez, em recentes atuações como governador, teve várias decisões dadas como polêmicas. Entre algumas delas, estava o fato de contratar, com frequência, empresas prestadoras de serviços sem o devido processo licitatório a que devem ser submetido. O repasse feito a estas empresas chegou a alcançar a ordem de R$ 1 bilhão de reais.
Vale lembrar que Demilson Chagas, por exemplo, já foi líder de governo do próprio Amazonino na Aleam no ano de 2017. Do outro lado, Barreto, em 2016, na época como Presidente da Câmara Municipal de Manaus, foi acusado de praticar nepotismo ao contratar o sogro, Raimundo Fábio Moreira da Silva, por um salário de R$ 16 mil para o cargo de Diretor de Engenharia do Legislativo Municipal.
Gerenciamento de crise na Saúde
A Secretaria de Estado de Saúde (Susam) adotou uma série de medidas para reorganizar o Hospital Francisca Mendes e ampliar a oferta de cirurgias cardíacas e outros serviços realizados pela unidade, que é referência em cardiologia no Amazonas. O plano inclui, principalmente, a recuperação da capacidade instalada do hospital e a ampliação dos serviços de cirurgias cardiopediátricas para reduzir o tempo de espera de pacientes.
A unidade está sob nova direção, após a prorrogação do contrato de gestão com a Fundação de Apoio Institucional Rio Solimões (Unisol), no dia 4 de dezembro. Segundo o secretário estadual de Saúde, Rodrigo Tobias, a missão da nova gestão é reorganizar o fluxo de atendimento e por em prática o plano operacional de funcionamento que garanta a utilização da estrutura do hospital em sua capacidade plena.
“A Susam está atuante dentro da unidade, em gestão compartilhada com a Unisol, para reorganizarmos toda a estrutura hospitalar do Francisca Mendes, melhorar abastecimento e fornecimento de materiais”, disse Rodrigo Tobias.
Ampliação de 30,2%
Segundo o secretário, neste ano, a capacidade da unidade já havia sido ampliada, tanto que o número de cirurgias cardíacas pediátricas foi maior que em anos anteriores. O aumento foi de 30,2% em relação ao ano passado. Até novembro, foram 112 cirurgias cardíacas em crianças, quando no ano passado foram 86 em todo o ano. Em 2017, foram 57.
Hemodinâmica
Na última quinta-feira (12/12), Rodrigo Tobias acompanhou na unidade a volta do funcionamento do aparelho do serviço de hemodinâmica que estava inoperante e acaba de ser consertado. Entre sexta e a manhã de segunda, oito pacientes já haviam passado por procedimentos, como cateterismo, marca passo, angiografia cerebral entre outros.
De acordo com o novo diretor do hospital, Braz dos Santos, foi elaborado um relatório sobre o funcionamento da unidade que identificou as áreas que precisam de maior atenção. “A partir desse relatório, estamos atuando nos setores, verificando a necessidade de novos equipamentos, reorganização das equipes para que o hospital funcione em sua totalidade”.
Mudança emergencial
De imediato, a Susam pretende colocar para funcionar pelo menos mais seis leitos de UTI (três adultos e três pediátricas) e mais uma sala cirúrgica específica para a cardiopediatria na unidade.
Para essa finalidade, deve ser usado R$ 1 milhão, proveniente de um acordo com a Justiça, intermediado pela Procuradoria Geral do Estado (PGE) e a Defensoria Pública (DPE), no qual estão sendo liberados recursos de bloqueio judicial ainda sem execução. Os recursos serão usados para corrigir falhas estruturais, conserto de equipamentos e compra de Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPME), insumos e medicamentos e que mais for necessário para reativar leitos que estão parados, incluindo a compra de um novo aparelho de ecocardiograma, multiparamétricos e respiradores.
“É um acordo para o bem da coletividade. Com isso, a gente amplia nossa capacidade de realização de atendimentos, consegue atender os judicializados e os demais que estão aguardando procedimento”, disse o secretário.
A Susam também precisará reforçar os leitos de retaguarda em sua rede de assistência para pacientes cirúrgicos, além disso, prepara um Edital de Chamamento Público para contratar serviços de assistência em cardiologia adulto e pediátrico, incluindo cirurgias, na rede complementar (iniciativa privada), para dar suporte ao Francisca Mendes.