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Não basta só o Amazonas e Adail, Mayara e Adailzinho querem ter poder até em Brasília

São décadas de poder e gerações na política. Foto: Reprodução/Internet

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MANAUS (AM) – Não é de hoje que a família Pinheiro, que ficou conhecida em eleição há 20 anos em Coari, interior do Amazonas, se perpetua no poder. São eles que passam pelo “Raio-X da Política” dessa semana, série de reportagens feita pelo Estado do Amazonas e Expresso AM. Os herdeiros do ex-prefeito Adail Pinheiro, que foi condenado e preso por pedofilia, são a deputada estadual Mayara Pinheiro, e Adail Filho, que anos depois se tornou também prefeito do município do Amazonas nos anos de 2016 e 2020.

Apesar de ser médica, Mayara não negou o DNA e acabou indo para política, se elegendo em 2018. Ela tenta a reeleição esse ano. Adail Filho, apesar de não ser mais o prefeito, está investindo pesado para chegar em Brasília e é pré-candidato a deputado federal, enquanto a Prefeitura não saiu da família e foi parar com o primo, Keitton Pinheiro, que se tornou o prefeito.

A família é toda envolvida com política e sempre com muita polêmica. Isso porque, no ano passado, Adailzinho teve o mandato cassado já que sua vitória representava o terceiro mandato seguido de parentes diretos, o que não é permitido.

A tia dele, Dulce Menezes, foi quem comandou a cidade no período de indefinição. Mas, foi só ter novas eleições que Adailzinho aproveitou a oportunidade e conseguiu eleger o primo, Keitton Pinheiro, e tudo se manteve em família, novamente. Vale lembrar que, quando Adailzinho era prefeito, sua vice era a irmã, Mayara, antes mesmo de virar deputada em Manaus.

Mas pensa que parou por aí? Mesmo com tantos anos no poder e monopolizando Coari e conquistando Manaus, Adail Filho quer a Câmara Federal e a irmã tenta a reeleição. Ela sempre faz questão de citar que foi a deputada mais votada em 2018. O único problema é que, junto com a vontade de poder, vem também os processos já de conhecimento do público e que envolvem pedofilia, contratação de funcionários fantasmas e aumento de 50% no próprio salário.

Mayara enfrenta processo do dia 8 de julho passado por contratação de funcionários fantasmas. A denúncia foi feita pelo advogado Raione Cabral Queiroz, um forte oposicionista da família em Coari. Parentes e prestadores de serviços particulares da parlamentar estariam recebendo via Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM).

Maria do Rosário Lima das Chagas, madrasta da deputada; Sascha Thaís Cavalcante de Almeida, além das suas ex-madrastas, Maria Freire da Silva e Vivian Silva da Costa estariam “penduradas” nas verbas que a médica tem direito como parlamentar.

Também foram denunciadas uma tia, um tio da madrasta da parlamentar e até um primo de Mayara. A filha de Adail sempre negou as acusações. O processo ainda está correndo.

Ganhando uma ‘boquinha’ sem trabalhar

Outro escândalo nas costas da “mais votada” é a denúncia de que duas pessoas que moravam no exterior, especificamente em Portugal e Canadá, também ganhavam da Aleam sem nunca baterem no batente: Rosemary Cunha Martins e Ryan Gabriel Silva.

Quando o escândalo estourou, o presidente da Casa, deputado Roberto Cidade, (UB), exonerou os dois.

Em julho de 2021, o TCE-AM abriu novo processo, desta vez contra o médico oftalmologista e esposo de Mayara, Luiz Reis Barbosa Júnior, que recebia da Prefeitura de Coari, mas morava com a esposa em Manaus.

O processo mostra que Luiz Reis ocupava dois cargos: em um ele estava ausente desde 2019. No outro, jamais havia estado, apenas recebia.

Irmãos unidos na mesma polêmica

Em 2019, quando Adail Filho era o prefeito de Coari, os dois irmãos foram parar juntos em um outro processo do Ministério Público. Segundo os promotores de Justiça, Leonardo Tupinambá do Valle, Márcio Pereira de Melo, Weslei Machado e Fábia Melo Barbosa de Oliveira, os irmãos Pinheiro se deram um presente quando eram prefeito e vice de Coari, respectivamente.

Eles aumentaram os próprios salários em mais de 50%. O MP pediu a devolução do dinheiro que ambos embolsaram. Apesar de não darem um centavo a mais aos servidores, a dupla não contou conversa na hora de se beneficiar com o aumento.

Propina

Sozinho, Adailzinho tem uma “bronca” daquelas. Apesar da curta carreira política, em setembro de 2019 o filho de Adail Pinheiro foi detido em Manaus, após se entregar. Ele foi acusado pelo MP de cobrar propina dos empresários que tinham contrato com a Prefeitura. 

Seriam 30% do valor a ser recebido, o que dava um total de R$ 100 milhões. Além dele, o primo Keitton, que hoje é o prefeito de Coari, também foi preso. Na época, ele era o presidente da Câmara Municipal. E, como já mencionado anteriormente, sempre tem alguém da família no poder.

O início

Mas o início de tudo aconteceu há duas décadas, quando o patriarca, Adail Pinheiro, chegou a ficar conhecido nacionalmente após ser denunciado, condenado e preso por pedofilia.

Em novembro de 2014 ele foi condenado por favorecimento à prostituição por 11 anos e 10 meses de prisão em regime fechado. Também foi condenado por improbidade administrativa e foi preso em Manaus suspeito de integrar uma rede de exploração sexual de menores no Amazonas.

Três anos depois, porém, Adail recebeu indulto e teve extinção da pena de prisão. O perdão veio das mãos do ex-presidente Michel Temer. Na época, o ex-prefeito já estava em casa, com tornozeleira.

Ainda hoje Adail responde a vários processos por improbidade, e agora segue comandando Coari por meio dos filhos, a quem ensinou o ofício de permanecer na política, enfrentar os processos, mas seguir aclamado pelo povo.

‘Perseguição’

Tanto Adail, quanto Adail FIlho e Mayara sempre negaram todos os crimes aos quais são acusados. Em todos os casos recorreram de condenações ou de acusações, e se dizem vítimas de perseguição política.

Colaboração para o Expresso AM, em Manaus:

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