PARANÁ | Adarlele Andrade, de 26 anos, conseguiu realizar seu grande sonho antes de morrer no último dia 16 fevereiro. Lutando contra um câncer desde 2018, ela se casou com Ruan Pablo de Lara, de 28 anos. O evento religioso que marcou a concretização de um sonho também acabou virando a despedida de Adarlele.
A celebração da união aconteceu em União da Vitória (PR), a 240 km de Curitiba. De acordo com a família, Adarlele e Ruan começaram a namorar em 2020. Após meses de relacionamentos, ambos marcaram a primeira data para dezembro, mas adiaram por causa da pandemia do novo coronavírus.
No mesmo mês, o casal também recebeu o laudo dos médicos informando que o tratamento dali em diante de Adarlele seria apenas paliativo, provocando a correria para preparar o casamento antes de o quadro de saúde piorar. A jovem sofria de Sarcoma de Ewing, um tipo de câncer que atinge os ossos.
“Ruan entrou na vida dela já sabendo de todos os desafios por causa do tratamento. Mesmo assim, enfrentou o relacionamento. O amor de ambos foi tão recíproco que em um mês começaram a namorar e marcaram o casamento. Nada foi por caridade. Todo mundo sentia que ele gostaria realmente de casar com a Adarlele. Todos sabiam que ela poderia perder a vida, mas não tão rápido”, contou Felipe Vetterlein ao UOL, padrinho do casamento.
Com o quadro se agravando, Adarlele precisava tomar dez comprimidos por dia de morfina para diminuir as dores causadas pelo câncer, além do adoecimento do corpo.
Além dos familiares e amigos, uma equipe médica no Hospital das Clínicas de Curitiba, onde Aderlele fazia o tratamento, ajudou nos preparativos da cerimônia. Já a Prefeitura de União da Vitória deixou uma ambulância à disposição da noiva para qualquer casa de emergência na porta da igreja.
Mesmo com todas dificuldades impostas pela doença, Aderlele resolveu se levantar da cadeira de rodas na metade do caminho até o altar para poder seguir andando.
“Nas semanas que antecederam o tratamento, a Adarlele teve piora no quadro. Ela tomava comprimidos de morfina, mas não estavam fazendo tanto efeito. Já iria começar a fazer de forma injetável. Só que no dia do casamento e no dia anterior, vimos ela muito empolgada e vibrante, mesmo estando nesta condição. Estava muito feliz por estar rodeada dos amigos e família”, lembra Felipe
A jovem viajou para Curitiba quatro dias depois da celebração, em 10 de fevereiro, para buscar o resultado de uma biópsia do câncer e precisou ficar internada. A morte aconteceu seis dias depois. O viúvo, de acordo com a família, ainda está abalado. Somente hoje retornou ao trabalho em uma empresa de sistema de informação.