PERNAMBUCO | Um homem adotou uma estratégia diferente para poder manter a comunicação com a mãe, que tem 80 anos e está no grupo de risco da pandemia do novo coronavírus. Ao sentir sintomas compatíveis com os da Covid-19, ele se afastou da família e passou a usar uma escada para se debruçar na janela de casa e conversar com a idosa, que fica no quarto, no primeiro andar, no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife.
A preocupação de Saulo Luiz de Albuquerque aumentou desde que começou a sentir sintomas de uma gripe. Pensando que poderia ter se contaminado como novo coronavírus, ele passou a intensificar a proteção para Dona Maria Emerita de Albuquerque.
A idosa sofreu uma fratura no fêmur, também teve um acidente vascular cerebral (AVC) e perdeu a visão. Com uma saúde debilitada, é tratada pelo filho como uma “joia rara”, frágil e preciosa.
Conferente de cargas, Saulo teve que abandonar, temporariamente, alguns hábitos, como ficar com a mãe para abraçá-la. Agora, a escada se transformou no único meio para amenizar a saudade.
“Eu tive a ideia de colocar uma escada do lado de fora e ter acesso ao quarto dela, mantendo distância, para ficar conversando com ela, vendo ela. Ultimamente, só minha irmã está tendo acesso a ela, para evitar muito contato físico. Por causa disso, minha mãe também se sente muito sozinha”, afirmou.
Saulo começou a ter sintomas gripais no fim de abril e, alguns dias depois, chegou a ir a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde, segundo ele, a médica descartou a Covid-19. Entretanto, os sintomas foram bastante semelhantes, como febre, dor no corpo, dor de cabeça e outros sintomas respiratórios.