SÃO PAULO | Um homem negro de 21 anos foi imobilizado com uso extremo de força por seguranças do metrô de São Paulo. Em um vídeo filmado por uma testemunha, é possível ver os funcionários aplicando um mata-leão, enquanto o passageiro pede para ser solto e uma criança, apontada como filho dele, chora em um carrinho de bebê.
Durante a ação, que aconteceu na noite desta quarta-feira (20) na estação Anhangabaú (Linha 3 – Vermelha), a testemunha que se identifica como Flávia Alves pede que o passageiro não resista à abordagem. Após o homem ser imobilizado e um dos seguranças manter o braço enrolado em seu pescoço, a mulher passa a pedir que a agressão pare.
“Gente, não mata ele. Moço, para, por favor, o filho dele aqui. Moço, não resiste” disse a testemunha.
O Metrô de São Paulo admite a agressão e explicou que a abordagem ao passageiro ocorreu durante o “combate ao comércio ilegal nos trens”.
Segundo a empresa, o homem tentou impedir uma abordagem dos seguranças a uma outra pessoa, um ambulante. Flávia conta, porém, que as agressões dos seguranças se estenderam à criança.
“O policial que deu o mata-leão resolveu agredir ele verbalmente por causa da máscara que estava usando. Durante a discussão ele já estava reclamando do carrinho do filho dele ter sido empurrado, e o fato do bebê cair de cara no chão. Ele estava indo em direção a escada para ir embora mas, com diversos empurrões, ele quase rolou escada abaixo com o bebê. Foi quando ele reagiu e cuspiu”, disse Flávia.
A testemunha ainda afirmou que outro homem gravava a abordagem e também foi agredido antes de ser levado para fora do metrô. Ela disse ainda que também teve de parar a filmagem após ser “destratada e intimidada”. O Metrô informou ainda que irá afastar os funcionários envolvidos “para apuração dos fatos”, mas afirmou que o homem deu mordidas e cusparadas nos seguranças. Flávia confirma que isso realmente aconteceu.
“Sim, ele tentou morder o policial para impedir que o carrinho do filho caísse novamente, isso só não aconteceu porque eu segurei. A criança entrou em desespero! Eu fiquei lá, conversei, dei mamadeira até a mãe da criança ou algum familiar chegar, infelizmente chamaram reforços e 10 contra 1 não me parece justo”, completou Flávia.
Para o Metrô, a ação se justifica devido à atitude do passageiro.