Manaus-AM| Na tarde desta sexta-feira (24), quatro homens, cujas identidades foram mantidas em sigilo, denunciaram, o pastor Almir de Lima Evangelista, de 48 anos, que atuava na Igreja Aliança Evangélica, no bairro Santo Antônio, por abusar sexualmente mais de quinze pessoas, entre os anos de 2006 e 2017. As vítimas eram crianças e adolescentes que frequentavam os cultos da igreja.
Segundo o portal A Crítica, uma das vítimas, que tem 21 anos, relatou que os abusos começaram no ano de 2009, quando o mesmo tinha 10 anos. Ele conta que quando começou a frequentar a igreja, foi chamado para ajudar na ornamentação da sala de cultos para as crianças. A vítima conta que Almir sempre estava presente por ele ser líder do grupo de crianças da congregação.
O jovem contou que durante esse período, todas as crianças começavam a ir embora e o pastor pedia para ele permanecer na sala. Neste momento, a vítima conta que os primeiros abusos se iniciaram.
“Ele me chamou quando ficamos sozinhos, apagou a luz da sala e me abraçou. Na hora eu fiquei sem reação e paralisei ali. Então, ele foi descendo a mão e começou a pegar no meu corpo e tentar me beijar, mesmo eu dizendo não”, contou a vítima a reportagem.
Após acontecer este caso, Almir teria intensificado os abusos e os tornado mais frequentes, tentando inclusive penetrar seu órgão genital na vítima. Além da igreja, as investidas do pastor também aconteciam em sua casa.
“Quando eu comecei a entender eu já estava completamente envolvido e morria de medo de alguém descobrir e eu ser humilhado porque ali já havia começado a ter consciência de que aquilo não era certo. Meus pais perceberam que meu comportamento mudou, meu celular passou a ter senha por conta das mensagens que ele me enviava, tinha medo dos meus pais descobrirem e me culparem”, relatou.
De acordo com o jovem, o pastor se dizia arrependido e orava pedindo perdão, mas os abusos não pararam.
A vítima conta que após passar por vários abusos, o pastor foi expulso da igreja, devido o pai de uma criança visualizar as mensagens que Almir enviava para seu filho.
Para o jovem, a denominação religiosa tentou esconder o caso, mas não se preocupou com as vítimas.
“A igreja imediatamente tentou abafar a situação por conta do grande nome que tem e, para manter sua reputação, expulsaram ele de lá. Eu só fui procurado pra confirmar os fatos depois de ter conversado com meus pais e falar sobre. Os pastores, que cuidaram da situação, apenas apuraram os fatos e, simplesmente, fui esquecido ali, sem sequer saberem se eu estava bem. Segui minha vida dali em diante, sempre me culpando sobre o ocorrido”.
Outra vítima do líder religioso afirmou que, recentemente, conversou com o acusado através de uma rede social, e afirmou que recebeu imagens íntimas do suspeito. A vítima, que hoje tem 29 anos, revelou que o religioso chegou a desmenti-lo, além de fazer ameaças.
“Ele dizia que, se eu não fosse dele, eu não seria de mais ninguém. E, se eu contasse para alguém ou para os pastores responsáveis, ele tornaria minha vida um inferno. Passei meses recebendo essas ameaças. Certo dia não aguentei mais”, afirmou.
Os jovens acrescentaram que sofreram depressão por conta dos abusos e tiveram que passar por tratamento psicológico. A Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) solicitou exame de coito anal [confirmação de penetração] nas vítimas, que foram encaminhadas ao Instituto Médico Legal (IML).
Uma pastora, representante da Igreja Aliança Evangélica, disse ao portal que Almir não faz mais parte da congregação e que a instituição irá emitir uma nota sobre o caso.