Manaus – Peritos do IML (Instituto Médico Legal do Amazonas) de Manaus fizeram um protesto em frente ao TJ-AM (Tribunal de Justiça do Amazonas) na manhã desta quinta-feira (5) no momento em que a ministra Cármen Lúcia, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), estava no local.
A ministra se reuniu com presidentes de tribunais da região Norte e Nordeste três dias após o massacre em Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim), que terminou com 56 mortes.
No protesto, os peritos afirmaram que, por falta de insumos básicos e estrutura para a perícia, não há garantia em 100% que as partes dos corpos entregues às famílias dos detentos no massacre de Compaj são da mesma pessoa.
O perito legista e representantes do Sindicato dos Peritos do Amazonas, Cléber Redivo, que é médico e professor de medicina legal na Universidade Federal do Amazonas, afirmou que faltou até gaze no dia das mortes.
“Logo após a ocorrência, não tínhamos nem luva e nem gaze no IML. Foi uma correria geral para emprestar dos hospitais e dar conta da demanda”, disse.
Ao ser questionado sobre a certeza que os pedaços dos corpos já entregues às famílias dos detentos eram da mesma pessoa, Redivo respondeu: “Essa pergunta eu vou ficar sem responder. Nós tentamos com os instrumentos e dificuldades que tínhamos entregar os corpos da melhor maneira possível (…) Todas as necropsias foram realizadas na segunda-feira. Nossa dificuldade é na identificação. Sabemos a causa das mortes, mas não conseguimos a identificação. Comparar imagem do corpo com foto não é identificação. Isso é reconhecimento”, disse.
SUPERLOTADO, PRESÍDIO DE MANAUS FOI CENÁRIO DE MASSACRE
Ele relatou que o Estado do Amazonas não tem um cadastro da identificação dos detentos.
Redivo declarou que a maior dificuldade dos peritos é montar o “quebra-cabeça” dos corpos mutilados.
“Temos um problema que muitos cadáveres foram decapitados. Temos dificuldade em fazer a montagem dos corpos. Tem corpos que não conseguimos encontrar partes para montar o quebra-cabeça”.
O perito disse ainda que a intenção do protesto era levar ao conhecimento de Cármen Lúcia a realidade da perícia técnica no Amazonas.
Ele afirmou que as informações repassadas pelo Governo do Amazonas até agora não condizem com a realidade do IML.
“Não existe justiça sem uma prova material contundente. Sem uma perícia que funcione e que de materialidade para os crimes e processos judiciais”, disse.
Com informações Uol.