São Paulo – O vírus da zika pode não ser o único responsável pela epidemia de microcefalia no Nordeste do país.
Os indícios, embora ainda tenham de ser comprovados com testes mais específicos, foram considerados relevantes pelos cientistas. Por precaução, eles comunicaram o Ministério da Saúde antes mesmo da publicação do trabalho em revista científica, em reunião de emergência feita na semana passada.
A contaminação poderia se dar através do consumo de carne mal cozida, de leite cru ou de produtos lácteos não pasteurizados ou através de água contaminada pelas fezes dos animais. O objetivo desse novo projeto é o de desenvolver programas de capacitação de trabalhadores públicos de saúde com foco na melhoria do atendimento a gestantes e bebês com microcefalia e suas famílias, nas regiões mais atingidas do País. Pelo fato de que uma nova onda de infecção pelo vírus Zika ter ocorrido no Sudeste do Brasil no início de 2016, o pesquisador Victora prevê que poderá haver uma segunda onda de microcefalia no final do ano.
Contudo, ainda há cautela e dúvidas quanto à possível descoberta: “Falta obter evidências sólidas se há algum papel relevante desse vírus no que estamos observando com a zika”, afirma Paolo Zanotto, virologista da USP.
Os Ministérios da Saúde e da Agricultura foram imediatamente comunicados, assim como a Organização Mundial da Saúde (OMS). “Nunca foi descartada a possibilidade de que, além do zika, outro vírus estivesse relacionado ao aumento de casos de bebês com problemas neurológicos”, finalizou.
Embora seja um achado significativo, a pasta reforça que ainda é cedo para conclusões sobre a hipótese.
De acordo com matéria publicada nesta sexta-feira (1) pelo Estadão, o Ministério da Saúde enviou ao Estado da Paraíba uma equipe para investigar suspeita da presença do vírus BVDV em fetos com microcefalia.
O trabalho foi realizado em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a Sociedade Brasileira de Genética Médica, o Centro Latino Americano de Perinatologia da Organização Pan Americana de Saúde (OPAS/OMS) e a Universidade de Harvard, dos Estados Unidos, e publicado na revista científica The Lancet.
“Essa é uma peça importante dentro desse quebra-cabeças. Nunca foi descartada a possibilidade de que, além do zika, outro vírus estivesse relacionado ao aumento de casos de bebês com problemas neurológicos”, disse um integrante da força-tarefa destacada para avaliar o caso, que atua em Pernambuco.
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