MANAUS-AM| O epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz na Amazônia, afirmou que Manaus está vivendo uma segunda onda do coronavírus e que a Fundação de Vigilância Sanitária (FVS-AM) teria divulgando menos de 110%” do número de mortos pelo vírus.
“O caldeirão da morte por covid-19 em Manaus aumentou de tal forma que não há mais como você colocar ‘panos quentes’ para tentar esconder isso. Claro que não vai ser um padrão de mortalidade semelhante ao que ocorreu em abril e maio”, disse.
Conforme o pesquisador, desde o dia 1º de junho, quando o governo estadual iniciou o ciclo gradual de abertura da economia, foram registradas 700 mortes. Orellana ainda acusa a FVS de tentar, de “forma vil”, deturpar as estatísticas da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que faz análise com base nos óbitos por ocorrência.
Em nota emitida na quarta-feira (9), a FVS alega que a curva de óbitos por Covid-19 apresenta estabilidade desde agosto, com média diária de cerca de três mortes pela doença. Além disso, a nota comprova com dados de séries históricas que não há uma aceleração mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), como alega o pesquisador.
A FVS-AM frisa ainda que a postura de Jesem Douglas Orellana não reflete a isenção de seus pares pesquisadores da Fiocruz; além de demonstrar falta de respeito com as vidas perdidas para a Covid-19 no Amazonas, bem como com os profissionais de saúde que permanecem se dedicando a salvar vidas.
“Causa espécie as colocações sarcásticas, inadequadas e desnecessárias do pesquisador, que não refletem a isenção dos seus pares pesquisadores da Fiocruz. A postura do profissional demonstra uma completa falta de respeito com as mais de 3.855 vidas perdidas no estado do Amazonas para a Covid-19, e com os profissionais de saúde que permanecem se dedicando exaustivamente de domingo-a-domingo, a salvar as vidas, como as dos mais de 105.369 já recuperados”, diz a nota.
“Dito isso, a FVS-AM não se furta à verdade, jamais publicou dados falsos e reconhece a gravidade enfrentada pela saúde pública do País e do Amazonas. Em nenhum momento a situação epidemiológica da pandemia foi minimizada e muito menos neglicenciada por esta instituição”.
Em várias entrevistas e publicações, Jesem afirma que Manaus vive uma segunda onda de contágio da Covid-19. Segundo o infectologista, os dados divulgados pela Fundação de Vigilância em Saúde estão defasados.
“São dados que estão aquém da realidade ou dados não explorados. Se você olhar o número de casos novos pelo método PCR de julho vai ver que é um valor estatisticamente muito menor do valor em agosto. Passamos de 900 casos em julho para quase o dobro em agosto. Isso mostra, pelos dados da própria FVS, que a circulação viral do coronavírus volta ser ampla e suficiente para caracterizar a segunda onda de doentes e mortes”, enfatizou.