São Paulo – Procuradores do Ministério Público Federal (MPF), integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato, apuram se uma mansão em Punta Del Este, no Uruguai, pertence ao ex-presidente Lula.
Segundo a revista Istoé, a investigação foi iniciada em agosto. O esquema seria semelhante ao adotado pelo petista para as outras propriedades utilizadas por ele no Brasil – o tríplex no Guarujá, o sítio em Atibaia e uma cobertura em São Bernardo do Campo. Os imóveis ficam registrados em nome de empresários amigos.Essa prática se repetiria no Uruguai, como revela a Istoé.
Neste caso, a mansão pertenceria a uma offshore ligada ao empresário Alexandre Grendene Bertelle, um dos donos da indústria de calçados Grendene e que, no Uruguai, é proprietário de um sem-número de casarões, entre eles, o imóvel suspeito de ter ligações com Lula – e sócio de empreendimentos bem-sucedidos como o Hotel e Cassino Conrad.
A casa que motiva a investigação da Lava Jato possui um terreno de 7,5 mil metros quadrados e fica localizada na Calle Timbó, conhecida por Villa Regina, com valor estimado em US$ 2 milhões, segundo corretores locais.
A assessoria de Lula declarou à revista que o ex-presidente não tem nenhuma casa ou conta no exterior e que todas as propriedades dele estão em São Bernardo do Campo e são devidamente declaradas.
Durante o governo do petista, Grendene obteve empréstimos subsidiados do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no valor de R$ 3 bilhões. Esses empréstimos estão sendo investigados pelo Ministério Público Federal de Novo Hamburgo (RS).
Só para a compra da Vulcabrás, o BNDES emprestou R$ 314 milhões para a Grendene. Os irmãos Pedro e Alexandre Grendene participaram também em 2008 de um negócio para implantação de usinas de açúcar e álcool no valor de R$ 1,8 bilhão, com dinheiro do governo.
Grendene foi um dos empresários que doaram parte dos R$ 10,8 milhões que custearam o filme “Lula, o filho do Brasil”, inspirado na trajetória do ex-presidente petista e dirigido por Fábio Barreto. Ele também colaborou com o “Fome Zero”, carro-chefe da política social do petista no início do primeiro mandato – uma espécie de embrião do Bolsa-Família.
Um assessor da diretoria da empresa afirmou à Istoé, que a história de que Grandene seria uma espécie de testa-de-ferro do ex-presidente petista no Uruguai não “passa de um absurdo completo”. A investigação se encontra na fase de coleta de provas e pode contar com colaborações do governo uruguaiano.