Manaus, de Amazonas Atual – O empresário Murad Aziz e o advogado e ex-deputado estadual Lino Chíxaro foram condenados a penas que somam 9 anos de prisão em regime semiaberto. A juíza Ana Paula Serizawa, da 4ª Vara Federal do Amazonas, concluiu que houve embaraço às investigações da Operação Cashback, a quarta fase da “Maus Caminhos”, deflagrada em outubro de 2018.
A Murad Aziz, Serizawa fixou a pena em 5 anos de prisão e multa de R$ 343,4 mil, e a Lino Chíxaro ,a pena foi fixada em 4 anos e três meses de prisão e a multa de R$ 343,4 mil. A sentença foi proferida no processo nº 0008371-24.2019.01.3200.
De acordo com Serizawa, restou devidamente comprovado que Murad Aziz e Lino Chíxaro sabendo de antemão da deflagração da “Operação Cashback” por meio de fonte até agora desconhecida ,ocultaram bens e provas da Polícia Federal comprometendo a investigação do objeto delituoso da referida operação.
Na mesma sentença, Serizawa , absolveu Jader Pinto ,Mouhamad Moustafá e Gilberto Aguiar. Eles foram acusados de compartilhar entre si informações sigilosas da “Cashback” entre os dias 26 e 28 de Setembro de 2018, dias antes da data originalmente programada para a deflagração da operação.
De acordo com a denúncia do MPF (Ministério Público Federal , Gilberto teria repassado informações para Jader Pinto através de aplicativo, usando um perfil de nome ‘Pablo’, no dia 28 de setembro de 2018. Ao obter as informações , Jader as teria enviado a outras pessoas que seriam alvo da operação, entre elas Murad Aziz e Lino Chíxaro.
Entretanto, para a magistrada,” não é possível dizer baseado nos elementos de prova lastreados aos autos, que aqueles réus tenham avisado Murad e Lino acerca das investigações”.
‘Não sabia’
No dia 25 de Setembro deste ano, antes de ser interrogado pela juíza Serizawa, Murad Aziz disse à reportagem do Atual que não sabia da deflagração da operação e que falaria a verdade à magistrada.
O advogado dele, Rodolfo Santanna, afirmou que as acusações do MPF são suposições e que “chega a ser fantasiosa a situação de obstrução de Justiça” alegada pelo órgão.
À Serizawa, Murad afirmou que é inocente e que não entende porque estava sendo alvo das acusações do MPF. Pelo que li até agora, eu não entendi ainda, assim, pelo relatório da polícia não deu para entender porque estou sendo [acusado], afirmou Aziz.
Sobre o computador MackBook da Apple, que não foi localizado na ‘Cashback’, Murad disse que a foto apresentada pela PF em que o computador aparece ”é de 6 anos atrás” e que a máquina foi descartada poeque “quebrou a 4 anos”.” Não tem como eu ter ocultado esse computador porque faz muito tempo”, disse o empresário.
Murad afirmou que no dia da ‘Cashback’ havia ido para o município de Rio Preto da Eva (a 58 quilômetros de Manaus) para pescar e foi informado por um amigo através de rede social que a PF havia deflagrado operação.
Questionado sobre a ausência dos filhos no dia da operação, o empresáhamentorio disse que, à época da Cashback, apenas um filho morava com ele, mas o rapaz estava em Boa Vista (RR), aguardando o segundo turno das eleições de 2018. Os dois enteados que tamb ém moravam com ele haviam aproveitado o feriado prolongado para visitar o pai.
Em relação ao fechamento da AZ fitness no dia da operação, Murad disse que a academia informou os cliente um dia através da rede social Instagram que a academia iria ser interditada para a manutenção da rede elétrica. Segundo Murad, a academia vinha sofrendo “vários picos de queda de energia”. Alguns chegaram a ir à academia, mas se depararam com a PF na porta.
“Sabia de boatos”
Também no dia 25 de Setembro, Lino Chíxaro disse à reportagem do Atual que era impossível atrapalhar as investigações com a troca do celular. Segundo ele, o aparelho trocado um dia antes da ‘Cashback’ tinha apenas três meses de uso e a troca foi necessária porque o aparelho havia quebrado em viagem a São Paulo.
No interrogatório, Chíxaro afirmou que ele e a mulher sabiam de boatos da operação, mas não sabiam o dia, nem a hora e nem quais pessoas seriam alvo. “Eu não posso deixar de ser verdadeiro com a senhora e com a justiça de dizer que em Manaus boatos de operações são como farinha. Mas eu, pessoalmente, saber de dia, hora, quem são as pessoas, eu nunca tive esse acesso não”, afirmou.
Ainda de acordo com o advogado, no dia 10 de outubro, véspera da operação, a mulher dele enviou três contatos de advogados para um grupo de família porque tinha ouvido boato de que havia operação e queria se “preservar”. “A minha mulher me disse que havia um boato em Manaus de operação e ela estava em pânico. Quis, assim, se preservar de qualquer coisa que acontecesse. Coisa de esposa mesmo”, disse Chíxaro.
*Informações Amazonas Atual