ATALAIA DO NORTE (AM) – A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) publicou uma nota na noite desta quarta-feira (15) onde presta solidariedade às famílias do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, assassinados no território indígena. Em tom de preocupação, a organização fala que o ocorrido foi um crime político e questionou: “O que acontecerá conosco? Continuaremos vivendo sob ameaças?”, diz trecho da nota.
O inquérito que investiga as mortes segue em sigilo pela Polícia Federal, mas fontes afirmam que a dupla foi brutalmente assassinada porque Dom fotografou Amarildo da Costa Oliveira, o “Pelado”, e o irmão, Oseney da Costa Oliveira, o “Dos Santos”, praticando pesca ilegal. Eles haviam advertido os irmãos de que era crime.
Além desta ocasião, Bruno, que era servidor público e trabalhava diretamente com indígenas da região, já havia relatado ameaças anteriores. De acordo com a Univaja, desde 2021 a Equipe de Vigilância reuniu informações sobre as invasões na Terra Indígena e vários ofícios foram enviados ao Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal (PF) e à Fundação Nacional do Índio (Funai), mas nada foi feito a respeito das denúncias.
“Indicamos a composição de uma quadrilha de pescadores e caçadores profissionais, vinculados a narcotraficantes, que ingressam ilegalmente em nosso território para extrair nossos recursos e vendê-los nos municípios vizinhos. As providências não foram tomadas com a devida rapidez. Por isso, hoje assistimos aos assassinatos de nossos parceiros: Pereira e Phillips”, aponta a Univaja.
Finalizando, a organização demonstra preocupação com a continuidade das investigações. Nesta quarta-feira (15), após reconstituição do crime, feito com Pelado, a PF não descartou a possibilidade de haver outras prisões. “Pelado e dos Santos fazem parte de um grupo maior, nós sabemos”.