São Paulo – O presidente da Petrobras, Pedro Parente, classificou como “decepcionante” o fato da redução aplicada aos preços da gasolina e do diesel nas refinarias não terem chegado ao consumidor final. Ele destacou que a companhia não faz pesquisa de preços, mas disse estar ciente de que em pelo menos 11 estados o preço da gasolina aumentou após o anúncio. As informações são do G1.
“O que a Petrobras fez foi exatamente o que ela anunciou. Ela fez uma redução média nos preços das refinarias [2,7% para diesel e 3,2% para a gasolina]. Estes percentuais são médios, eles foram aplicados, mas vocês sabem que o mercado tem a própria regulação de preços. Todos têm absoluta liberdade de fixar os seus preços”, disse parente.
Quando anunciou a redução dos preços, no dia 14 de outubro, Parente chegou a destacar que a expectativa era de que o preço cobrado ao consumidor final caísse. Se o percentual aplicado pela companhia às refinarias fosse integralmente repassado, o preço nos postos poderia ficar até R$ 0,05.
“Eu acho que como expectativa é decepcionante ver que isso não chegou ao consumidor”, declarou Parente. Ele enfatizou que, sendo o mercado livre para estipular os preços, a Petrobras não poderia responder pelo reflexo nas bombas dos postos.
Parente comentou a questão do preço da gasolina nos postos durante coletiva de imprensa na 18ª edição da Rio Oil & Gas, a principal feira do setor petroleiro, que acontece no Rio de Janeiro.
Acordo com a Total e venda da BR Distribuidora
Na coletiva, a Petrobras divulgou o acordo firmado com a Total nas áreas de exploração e produção (E&P) e gás e energia (G&E). O presidente da Petrobras disse que a aliança entre as duas companhias é firmada “num momento as perspectivas para o setor começam a se abrir de forma muito importante”.
O objetivo aqui não é estritamente lima operação transacional. O objetivo é uma parceria onde compartilhamos riscos, fazemos uma troca de tecnologia”, disse Pedro Parente.
Questionado sobre detalhes da parceria, Pedro Parente disse que o a acordo ainda não está totalmente desenhado. “Os detalhes a gente só vai conhecer quando estiver concluída a negociação”, disse.
Ele adiantou que a expectativa é de que até o fim do ano todos os detalhes estejam definidos. Questionado se a venda da BR Distribuidoraentraria neste acordo, o CEO e Chairman do Grupo Total, Patrick Pouyanné, disse que a companhia francesa tem sim interesse na empresa, mas que no momento ela não faz parte do seu plano de negócios e não estaria incluída na aliança.
Ações nos EUA
Parente também comentou sobre os acordos anunciados na última sexta-feira para encerrar quatro ações individuais propostas à Corte Federal de Nova York, em processos em que investidores buscam reparações pelo escândalo bilionário de corrupção envolvendo a petroleira.
Na ocasião, a estatal disse ter uma provisão de US$ 353 milhões em função desses processos nos EUA. Parente disse nesta segunda que este valor não é total.
“Nós anunciamos acordos com quatro investidores, mas a provisão não se refere a esses quatro. Isso não inclui uma provisão para o Class Action”, destacou.
O presidente da Petrobras reiterou o que a companhia informou no Fato Relevante de que os acordos não significam assumir culpa pelos prejuízos sofridos pela estatal devido aos casos de corrupção. “Em relação a esses acordos, isto não constitui reconhecimento de parte de culpa por parte da empresa. Porque a empresa foi vítima”, afirmou Parente.
Ele ressaltou, no entanto, que neste contexto, a empresa se preocupa em “retirar incertezas” quanto a sua imagem para os investidores. “É nesse sentido de retirar incertezas que nós achamos importante buscar novos acordos”, disse.
Segundo Parente, os acordos com investidores e as novas parcerias que a Petrobras busca firmar têm como objetivo retomar a confiança da estatal no mercado. Ele afirmou que a companhia trabalha atualmente com várias iniciativas para atingir esse objetivo.
“Esta recuperação significa prometer e entregar. Eu sempre repito que embora a gente possa reconhecer o retorno da confiança do investidor, a gente tem a consciência que a confiança não virá apenas por uma iniciativa, mas por um conjunto”, destacou.
Indicação de Odonne à ANP
Parente também comentou a indicação de Décio Oddone para a diretoria-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em substituição a Magda Chambriard, cujo mandato termina em novembro.
“O indicado é uma pessoa que conhece bastante o setor, portanto ele tem uma característica importante, que é conhecimento da área. E ele tem outra característica que eu considero muito importante, que é a experiência no setor privado. É muito bom para alguém que vai ser um agente regulador que ele possa conhecer as dificuldades que as empresas passam para que ele possa tomar as decisões necessárias”, disse parente.