Rio – “Quem vai devolver a vida do meu filho? Quem vai resolver a minha vida?”, indagava o comerciante Alexandre Zakhour, de 50 anos, enquanto aguardava a liberação do corpo do filho Miguel Ayoub Zakhour, no Instituto Médico-Legal (IML), na manhã deste sábado. Miguel foi morto na madrugada de sexta-feira numa tentativa de assalto em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio.
O velório do rapaz está previsto para começar às 7h deste domingo, na capela E do Cemitério do Catumbi. O enterro será às 11h30m.
— Nada vai ser resolvido. Duvido que o caso dele vai ser solucionado, mesmo tendo acontecido em plena Zona Sul, sem querer desmerecer a Zona Norte. Mas é uma área nobre e ao lado do Palácio Guanabara (sede do governo do Rio) — disse emocionado o pai do jovem.
Miguel era filho único e sempre foi apaixonado por motos.
— A que os ladrões tentaram levar estava com ele apenas há uma semana. Ela foi comprada com parte do dinheiro da venda de um carro e só ficaria com o jovem até a próxima segunda-feira, pois ele já teria um comprador interessado — afirmou Rosa Maria Dedemo, mãe de Tayssa Freitas, namorada do rapaz.
Rosa lembrou ainda que os pais de Miguel não têm mais filhos para chorar:
— Enquanto eles (os políticos) andarem em carros blindados e mandarem seus filhos para os exterior, não vão se preocupar em mudar lei nenhuma — acrescentou.
Ainda muito abalada e sem conter as lágrimas, Tayssa disse apenas que nada que falasse agora iria trazer o namorado de volta.
Jorge Luiz Morais Jansen Ferreira, de 55 anos, que é irmão de criação do pai de Miguel, contou que estava em casa quando aconteceu o crime. Ele disse que, quando foi informado de que alguém tinha levado um tiro próximo dali, chegou na varanda e viu que era o próprio sobrinho que estava caindo.
Ele contou que desceu e foi com o rapaz e a namorada dele no carro dos bombeiros.
— Isso é um desastre na vida da gente. Agora te pergunto: Tinha necessidade de matar? Bastava levar a moto. A vida da gente não tem preço — afirmou o tio, acrescentando que carregou Miguel no colo, e que o rapaz era como se fosse um filho para ele.
Ainda segundo o tio, pouco antes do crime, estava com o sobrinho, que disse que ia sair para dar uma volta com a namorada. Meia hora depois aconteceu o crime.
Miguel e o pai moravam juntos no mesmo apartamento. Já a mãe do rapaz, Dalva, mora em Niterói.
Com informações Agência O Globo