MANAUS (AM) – Eleito em 2018 sob a bandeira patriótica, o Capitão Alberto Neto está na corrida novamente para se reeleger como deputado federal. Quase quatro anos depois e custando aos cofres públicos mais de R$ 6 milhões, ele busca um segundo mandato ainda na “aba” do presidente Jair Bolsonaro (PL). O Capitão, ex-policial militar, é mais um da série “Raio-X da Política”, feito em parcerias com os portais Estado do Amazonas e Expresso AM.
Alberto Neto segue com três projetos aprovados dos 142 apresentados na Câmara dos Deputados, número baixo se comparado às despesas. Mesmo assim, segundo ele, é um dos melhores deputados federais. Cearense, Alberto Barros Cavalcante Neto ganhou fama em Manaus e no Amazonas fazendo transmissões de operações policiais pelas redes sociais.
2019
Assim que se elegeu, de acordo com dados oficiais, o parlamentar chegou a Brasília gastando R$ 488.139,15 com a Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP) e fechou o ano com mais de um milhão de reais gastos com a verba de gabinete. Mais precisamente, R$ 1.175.695,33.
Curiosamente, em seu material de assessoria, Alberto defende o fim dos privilégios dos ex-presidentes e a diminuição dos gastos públicos.
Com salário de R$ 33.763,00 por mês e mais de R$ 42 mil reais em gastos com viagens, Alberto Neto seguiu em seu primeiro ano de mandato a rotina corriqueira de Brasília, onde parlamentares têm o direito de usar a verba pública em nome do mandato.
De acordo com os dados disponíveis no Portal da Câmara, o primeiro ano de mandato custou aos cofres públicos mais de 2 milhões. Um total de R$ 2.111, 693, dos quais, mais de R$ 400 mil só em salários.
2020
Um ano depois, os gastos deram uma inflacionada. Cada deputado tem R$ 111.675,59 por mês para pagar salários de até 25 secretários parlamentares, que trabalham para o mandato em Brasília ou nos estados. Eles são contratados diretamente pelos deputados, com salários de R$ 1.025,12 a R$ 15.698,32. O parlamentar amazonense investiu R$ 1.280,352,92 em auxiliares.
Em 2020, Alberto Neto se aventurou em uma nova jornada. Colocou seu nome para jogo na corrida pela Prefeitura de Manaus. Dividindo votos da direita com Coronel Menezes e Romero Reis, não chegou ao segundo turno e acabou protagonizando uma cena que ganhou as redes sociais que tanto o ajudaram.
Filmou e compartilhou a prisão de um homem suspeito de assalto a ônibus em plena campanha, divulgando as imagens sem que se ficasse provado que a prisão teria sido realizada por ele mesmo.
Ainda no mesmo ano, o presidente Jair Bolsonaro o nomeou vice-líder do governo na Câmara. Ao todo, em 2020, o mandato de Alberto Neto custou aos cofres públicos R$ 2.093,112. Detalhe: neste ano não constam nas informações públicas os gastos do parlamentar com viagens.
O ano do deputado se destacou por uma foto polêmica com o filho, no qual a criança segura uma arma. Alberto Neto, que tem como uma das atribuições elaborar leis, descumpriu a norma do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no artigo 242 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. De acordo com a lei, “vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo” prevê a pena de três a seis anos de reclusão.
Neste ano, o parlamentar fechou a temporada com um total de gastos divulgados de R$ 2.151.244.
2022
Neste ano, o candidato tenta a reeleição sempre falando de violência e se vangloria de aprovar projetos como o de “proibir” as saidinhas temporárias de presos. No total, foram 142, mas apenas três aprovados, que ainda devem seguir para votação no Senado.
Ao todo, contando os dados disponíveis divulgados pela própria Câmara Federal, Alberto Neto já custou aos cofres brasileiros mais de R$ 6 milhões. Precisamente R$ 6.356,04.
“É imperativo aprovarmos essa medida e acabar com esses privilégios, é imoral que o povo continue sustentando certas mordomias para Ex-Presidentes, que incluem 48 funcionários fora das suas atividades e 12 veículos oficiais, que além de salários, a União ainda paga passagens e diárias de todos eles em viagens para acompanhar os ex-chefes do Executivo, aos quais ficam à total disposição e que não prestam qualquer atividade a favor da sociedade, cabides de empregos sustentados pelos cofres públicos”, declara Alberto Neto.
Foto polêmica com o filho
Ano passado Alberto Neto protagonizou a maior das polêmicas depois que virou deputado. Postou uma foto ao lado do filho segurando uma arma e citando versos bíblicos. Defensor da teoria de que quanto mais armas na mão, mais paz o homem tem, ele recebeu uma onde de críticas, mas não se abateu.
“Já que hoje é dia de #TBT… compartilho com vocês um amor de pai para filho! Gostaram da minha foto com o F.?”, comentou Alberto Neto na publicação.
O que se destaca é a citação de um verso bíblico que diz: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho, não se desviará dele.
Uma seguidora não poupou o parlamentar. “Bom dia, lendo os comentários, vejo que alguns deturpam a verdade, o Capitão em nenhum momento está incentivando o uso de armas por criança, muito pelo contrário ele mostra da importância de seguir os caminhos certos com orientação e conscientização. Estão confundindo o uso comum de armas por crianças desviadas pelo tráfego [a pessoa quis dizer tráfico]”, declarou.