São Paulo – O físico e matemático britânico Isaac Newton (1643-1727) entrou para a história como “pai da gravidade” por lançar as bases da lei da gravitação universal, inspirado pelo dia em que uma maçã caiu sobre sua cabeça em 1666.
Descobriu-se séculos mais tarde, contudo, seus “estudos ocultos”, que mostravam seu interesse por ciências além da física, como cronologia, alquimia, cabala e interpretação de textos bíblicos.
E dada sua boa reputação como inventor, não é de se estranhar que essa revelação, na década de 1930, tenha causado comoção.
A fascinação de Newton abrangia assuntos diversos, e não necessariamente científicos.
Agora, um novo manuscrito veio a público.
E envolve uma fórmula para a imortalidade, escrita à mão por Newton, em que descreve passos do preparo de uma substância “mágica” que converteria metais em ouro e nos faria jovens para sempre.
Tratava-se, na verdade, dos primeiros passos para a criar a chamada pedra filosofal.
Elixir da vida
A pedra filosofal é uma lendária substância da alquimia (química da Idade Média, que buscava o remédio contra todos os males físicos e morais) que conteria os segredos do rejuvenescimento, o elixir da vida e a imortalidade.
Diz a lenda que essa substância poderia ainda transformar metais em ouro ou prata.
A Bíblia e textos budistas e hinduístas mencionam a pedra filosofal, e alquimistas da Idade Média já a buscavam.
E Newton fez suas próprias tentativas no século 17.
Pelo menos é o que revela o manuscrito recém-publicado, que tinha ficado por décadas em uma coleção particular. A Fundação do Patrimônio Químico (CHF, na sigla em inglês), dos EUA, comprou o material em um leilão e fez a divulgação.
No documento, escrito em latim e inglês, o gênio britânico explica a receita do “mercúrio sófico” (ou mercúrio dos filósofos), substância chave no processo alquímico para produzir a famosa pedra filosofal.
Instruções que Newton aparentemente copiou de outro alquimista, o americano George Starkey, após fazer anotações, corrigir e reescrever o texto original.
Juventude eterna
“Esse manuscrito é importante porque ajuda a entender as leituras alquímicas de Newton, principalmente aquelas de seu autor favorito”, disse James Voelkel, da Biblioteca de História Química Othmer, nos EUA.
De acordo com Voelkel, o documento também traz provas de outra metodologia de laboratório de Newton.
O físico escreveu mais de um milhão de palavras sobre alquimia em sua vida.
E embora essa prática pré-científica não tenha o prestígio internacional da física, é inquestionável que ambas tiveram um papel relevante na vida de Newton.
No fim das contas, a alquimia contribuiu para o desenvolvimento da ciência moderna. E talvez agora a pedra filosofal não interesse tanto, mas continuamos procurando o segredo da juventude eterna.
E Newton, a sua maneira, conseguiu ser imortal.
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