PARÁ – O jornalista Roberto Cabrini, da Record TV, está na Ilha do Marajó, no Pará, para uma reportagem sobre as denúncias de exploração sexual de crianças e adolescentes denunciadas pela cantora gospel Aymeê em um reality musical.
Segundo ele, o exercício da função está sendo complicado, já que Cabrini alega estar sendo intimidado ao tentar apurar as denúncias. Autoridades locais estariam supostamente o impedindo. A reportagem será divulgada neste domingo (25).
“Divulgar eu vou, porque eu sou jornalista e nada me impede, o espaço é público”, afirmou o jornalista, em trecho do vídeo.
“Eu já me manifestei que as imagens deles não vão ser veiculadas”, disse o homem que aparece nas imagens discutindo com Cabrini.
“Eu conheço a lei tanto quanto você. Não estou aqui para te prejudicar e nem você a mim, tá? Estou fazendo o meu trabalho e você o seu, você é profissional e eu também sou”, rebateu o apresentador.
Na viagem do jornalista, ele tenta entrevistar as supostas vítimas de esquema criminoso de exploração sexual de crianças e adolescentes e ainda tráfico de órgãos. O assunto veio após a denúncia da cantora.
Segundo o advogado-geral da União, Jorge Messias, há muita desinformação sobre o assunto e notícias falsas. No entanto, o governo federal está empenhado em apurar “denúncias sérias”.
O ministro de Direitos Humanos, Silvio Almeida, compartilhou a publicação de Messias. Declarou que não vai permitir a “difamação de uma região por oportunistas que se valem de um grave problema nacional como o da proteção de crianças e adolescentes para alavancar interesses políticos ou financeiros”. A fala vem após igrejas de outros estados, como de São Paulo, pedir doações com a finalidade de ajudar o Marajó, que já é monitorado pelo governo.
Em outubro de 2022, a senadora e ex-ministra de Mulher, Família e dos Direitos Humanos Damares Alves (Republicanos-DF) afirmou durante um culto em uma igreja evangélica de Goiânia (GO) que teve acesso a supostas imagens de crianças sequestradas com os dentes arrancados para a prática de sexo oral na Ilha de Marajó.
O Ministério Público Federal ajuizou em setembro de 2023 uma ação civil pública na Justiça Federal do Pará que pedia o pagamento de R$ 5 milhões por parte da senadora e da União em decorrência de relatos sem provas sobre cenas de abuso infantil. Apesar de citar provas físicas no seu relato, a ex-ministra não apresentou qualquer comprovação quando foi questionada pela Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão e pelo Ministério Público Federal do Pará.