Durante boa parte dos anos 80 e 90, a real vida íntima de muitas celebridades permaneceu escondida por medo de abalar suas carreiras. Muitos galãs e mocinhas, que vivam relações homoafetivas, surgiram em capas de revistas com parceiros que nem sempre era namorados de fato. Relacionamentos combinados ou “de fachada” sempre foram assunto em rodas de famosos, mas raramente ganharam as páginas da imprensa. A razão era simples: haveria grande prejuízo para um artista ser considerado “do babado”. Afinal, quem acreditaria em galãs que fossem gays? A pergunta – estapafúrdia e preconceituosa – fazia parecer que homossexuais masculinos se encaixariam apenas em um estereótipo e esquece a principal função do ator: viver múltiplos personagens. Em 2020, no entanto, para sorte de muitos, a situação mudou. A informação é do UOL Famosos.
Somente nestes últimos dias, Maria Casadevall e Maria Bethânia publicamente deram a entender que estão confortáveis para expor as relações que vivem. Enquanto a atriz publicou uma mensagem nos stories de seu Instagram, a cantora foi homenageada pela estilista Gilda Midani, que postou uma foto da diva com a legenda “minha”. As duas Marias se juntam a uma série de famosos como Bruna Linzmeyer, Reynaldo Gianecchini, Marco Nanini, Ludmilla, Camila Pitanga, Nanda Costa, Jesuíta Barbosa, Alice Braga, Bianca Comparato, Ícaro Silva, Anitta, Fernanda Gentil, Lulu Santos e Vitória Strada. Todos e todas desta lista seguiram com suas carreiras bem-sucedidas, muitos deles com protagonismo em novelas.
Há, no entanto, exceções à regra. Um dos primeiros a corajosamente “sair do armário” e abrir novos diálogos sobre o assunto, Leonardo Vieira, até então contratado da Record, não é visto em novelas da emissora desde 2016. A presença de transexuais ainda é tímida, mas nomes como Maria Clara Spinelli e Glamour Garcia desbravaram e conseguiram papéis de destaque na teledramaturgia.
Desde a morte de Gugu Liberato, em novembro do ano passado, e após o aparecimento de um suposto namorado do apresentador, que se dizia casado, muito se falou sobre relacionamentos de fachada. Afinal, o que se via nas muitas capas da revista “Caras” durante os anos 90 refletiria de fato a realidade? As respostas podem variar caso a caso. Um fator, no entanto, não mudou desde então: cabe ao próprio famoso se autodeclarar LGBT ou não. Tirar qualquer pessoa do armário é uma grande violência, especialmente porque não se sabe em que contexto se está inserido, se ela será ou não alvo de algum tipo de violência ou terá grande prejuízo, uma vez que o preconceito ainda existe.
A visibilidade de famosos cada vez mais confortáveis com suas orientações sexuais, no entanto, é positiva. Todos provam que é possível ter uma vida plena e respeitada e servem de exemplo para muitas pessoas ainda em dúvida sobre o momento de se declarar LGBT. Novas frentes de trabalho também foram abertas. Interessa a muitas marcas ter pessoas engajadas na diversidade.
Obviamente, muitos destes artistas sofrem com a LGBTfobia e recebem mensagens ódio. Mas a mensagem de amor, diversidade, respeito e tolerância que passam deixa pequeno o preconceito. Reynaldo Gianecchini, Nanda Costa e Bruna Linzmeyer seguirão fazendo novelas. Maria Casadevall e Alice Braga continuarão a protagonizar séries. Lulu Santos, Maria Bethânia, Anitta e Ludmilla seguirão movendo multidões com seus shows. Ganham eles e ganha o público, que enxergará seus ídolos cada vez mais felizes em suas próprias peles.