Rio – O Brasil se despediu dos Jogos Olímpicos Rio 2016 com a medalha de ouro no vôlei masculino. A seleção de Bernardinho venceu a Itália com facilidade surpreendente na final por 3 sets a 0 e conquistou o terceiro título olímpico. Presente em todas as finais do masculino na modalidade desde Atenas 2004, o Brasil começou a Rio 2016 como coadjuvante. Tanto é que havia perdido na primeira fase por 3 a 1 para os italianos, mas soube crescer durante a competição. No reencontro, não deu chances aos rivais. Os brasileiros foram os campeões mais improváveis destes Jogos. Neste domingo, com grande atuação de Wallace, fez história no Rio de Janeiro e deu aos torcedores a despedida perfeita um dia após o ouro inédito seleção masculina no futebol.
O líbero Serginho, aos 40 anos, merece destaque. Ele esteve presente nas últimas quatro finais olímpicas com o Brasil e conquistou o bicampeonato dos Jogos no Rio. No primeiro ouro, em Atenas 2004, era um garoto chegando a uma equipe que ainda contava com jogadores da geração que conquistou o primeiro ouro do vôlei, em Barcelona 1992. Agora, foi a voz e os olhos de Bernardinho dentro de quadra. Junto com o treinador, conseguiu levar um time sem grandes estrelas a bater a melhor equipe da competição na final. “O Serginho me tranquilizava em vários momentos e passava para os jogadores o que era preciso. Ele foi de uma maturidade impressionante na Olimpíada”, falou Bernardinho após o jogo.
Parte dessa maturidade do líbero brasileiro pôde ser vista na entrevista que deu já como o maior medalhista olímpico brasileiro em esportes coletivos, com duas pratas e dois ouros. Natural do bairro de Pirituba, na zona norte de São Paulo, fala com simplicidade que impressiona. “Eu sou o um cara normal, sou o Sergio, filho da dona Didi, de Pirituba. Amanhã eu volto à vida normal, de buscar os filhos na escola e tomar Tubaína lá em Pirituba”. Reverenciado por todos os jogadores brasileiros em quadra, ele é considerado pelos colegas a personificação do perfeito herói olímpico.
Bernardinho, o comandante da equipe, também teve um desafio à parte. Teve que se reinventar como treinador, principalmente na forma como interage com os atletas durante os jogos. Quem se acostumou a vê-lo histérico e desesperado na beira da quadra nos Jogos anteriores, viu o técnico mais contido nas reclamações. Quando tinha que extravasar, virava para os auxiliares e poupava quem estava em quadra.
A nova característica deu certo. A equipe brasileira rendeu acima do esperado. “Havia dúvida sobre essa geração, que estava batendo na trave nos campeonatos. Era hora de fechar bem. Não foi um grande jogo tecnicamente, mas nosso time se impôs contra uma equipe que dominou a Olimpíada”, falou Bernardinho à ESPN.
O treinador ainda teve a felicidade de, como pai, ver o filho, o levantador Bruninho, conquistar uma medalha de ouro olímpica.”Eu estou em dívida com a vida. É uma felicidade única ver seu filho chegar ao ápice da carreira. É um momento de êxtase e de muito orgulho como pai viver tudo isso”.
O jogo realmente foi mais fácil do que se esperava. O Brasil havia perdido para a Itália na primeira fase por 3 sets a 1, o que colocava a seleção italiana como favorita na decisão. Um dos melhores jogadores do mundo, o ponteiro Zaytsev, era o homem a ser marcado na final. A seleção brasileira fez a lição de casa direitinho.
O craque italiano foi muito bem marcado e ficou bem abaixo do que poderia fazer. Além disso, a força e o barulho da torcida tiraram a concentração dos italianos, que erraram muito principalmente no saque. Wallace, principal pontuador do Brasil no jogo, se encarregou de levar o time nas costas nos momentos difíceis. “Nenhum time merecia mais. Ninguém treinou e se dedicou tanto. Depois de batermos na trave tantas vezes, merecíamos fazer esse gol”, resumiu o jogador com a medalha de ouro olímpica no peito.
Com informações El País.