SÃO PAULO – SP | “É preciso que algo seja feito antes que essas pessoas comecem a morrer. Porque o que está se colocando no horizonte, caso isso se concretize, é pior que um holocausto”.
A perspectiva bastante desoladora é de Yeda Duarte, professora de enfermagem da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo) e criadora do curso de gerontologia na instituição.
Juntamente com outras duas profissionais da área, ela subscreve um documento em que cobra publicamente as autoridades públicas de saúde e assistência por providências capazes de orientar e capacitar as ILIPs, as instituições de longa permanência, a se prevenirem de um cenário de morte em massa de idosos em meio à pandemia de coronavírus.
Em todo o país, de acordo com a carta pública intitulada “Grito de Atenção para ILIPs”, são pelo menos 78 mil idosos vivendo em 3.600 instituições – mais de 40%, ou 1.543 delas, apenas no estado de São Paulo. A maioria dessas casas (65%) é filantrópica, assim como a maioria dos idosos (65%) nelas é semi-dependente ou dependente, ou seja, em condição de grande vulnerabilidade.
Pessoas com mais de 60 anos representam uma das faixas de risco para a covid-19 – dados divulgados pelo Ministério da Saúde nessa segunda-feira (30), por exemplo, indicavam que 90% dos pacientes que morreram por causa da covid-19 tinham mais de 60 anos, e pelo menos 85% tinham algum fator de risco que poderia levar a complicações no quadro de saúde, como doenças cardíacas, diabetes e problemas nos rins ou no sistema imunológico.