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Semicondutores na ZFM: UEA se prepara para impulso à indústria via novo programa federal

A UEA planeja atuar em diferentes frentes na seara dos semicondutores, por meio de sua Escola Superior de Tecnologia (EST/UEA). Foto: Divulgação

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MANAUS (AM) – Enquanto a indústria brasileira de semicondutores se prepara para receber novos incentivos por meio do ainda embrionário programa federal Brasil Semicondutores (Brasil Semicon), a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) se antecipa e já trabalha em um planejamento estratégico para exercer papel ativo no impulso ao setor dentro do Polo Industrial de Manaus (PIM).

Matéria-prima de chips e microcircuitos, semicondutores são componentes capazes de conduzir correntes elétricas e estão presentes em diversos equipamentos produzidos pela indústria de eletrônicos, automobilística e médica, além do agronegócio e da tecnologia da informação e comunicação (TIC).

Recém-aprovado no Congresso, o projeto de lei nº 13/2020, que cria o Brasil Semicon, depende apenas da sanção do presidente Lula da Silva para sair do papel. O texto aprovado prevê investimentos em toda a cadeia produtiva do segmento – e não apenas melhores condições aos fabricantes – e pode mudar o cenário industrial e econômico da Zona Franca de Manaus (ZFM) e do país, segundo avaliam especialistas.

A partir da mudança na legislação, o governo federal quer aumentar a competitividade dos chips fabricados no país, reduzir a dependência de importações e ganhar espaço no mercado global. O Brasil Semicon vai estimular o investimento em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) junto a Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs) na produção de chips de smartphones, paineis solares e outros dispositivos da indústria 4.0.

O mesmo projeto que cria o Brasil Semicon também amplia a vigência tanto do já existente Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Semicondutores (Padis) como da Lei de TICs, conhecida como Lei da Informática, para o ano de 2073. A nova data foi determinada para coincidir com o período de concessão de benefícios fiscais ao modelo ZFM.

Diante do panorama favorável à economia amazonense, a UEA planeja atuar em diferentes frentes na seara dos semicondutores, por meio de sua Escola Superior de Tecnologia (EST/UEA). De acordo com o diretor da unidade, Prof. Dr. Jucimar Maia Jr., o foco é na formação de mão de obra local especializada para o que ele considera a “indústria do futuro” no PIM.

“A área de semicondutores é estratégica tanto para Brasil como para Amazonas. Precisamos formar capital humano o quanto antes, porque quanto mais rápido a gente conseguir formar pessoas e empresas para o nosso polo industrial, mais rápido a gente conseguirá essa liberdade, digamos assim, em relação à questão geopolítica que afeta esse setor”, avalia o diretor da EST/UEA.

A declaração do professor faz referência à ‘guerra dos chips’ travada entre Estados Unidos e China. Em meio à tensão geopolítica dos dois países, a produção global dos semicondutores está, hoje, 60% concentrada em Taiwan. A inevitável crise nesse setor foi agravada pela pandemia de Covid-19, quando a escassez desses componentes abalou as cadeias de inúmeros produtos eletrônicos em todo o mundo.

Possibilidades

Com a descentralização de produção e as políticas do Brasil Semicon, a UEA pode aproveitar sua proximidade da ZFM para se integrar ao ecossistema incentivado. “Podemos criar cursos de graduação e pós-graduação voltados especificamente a semicondutores, firmar parcerias com as indústrias para desenvolver projetos de PD&I e tantas outras possibilidades”, salienta o diretor da EST/UEA.

Mas o principal projeto da UEA pensado, já há alguns anos, para os semicondutores consiste no Parque Tecnológico, empreendimento em fase de planejamento. Foi idealizado exatamente para acelerar negócios de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) nos mercados de jogos eletrônicos e de semicondutores, com base no conceito Tríplice Hélice da Inovação, unindo universidade, empresa e poder público.

“Todo esse planejamento vai culminar em nosso Parque Tecnológico. Teremos lá um núcleo de semicondutores, com laboratórios de microeletrônica para o design de chips, por exemplo. Queremos criar sinergias com as indústrias do PIM para abordar desafios específicos, facilitar transferência de tecnologia, fomentar mão de obra qualificada e criar processos de fabricação mais eficientes”, enumera Jucimar Jr.

Os planos da universidade foram apresentados a empresários e especialistas da área durante palestra ministrada pelo diretor da EST no seminário “Semicondutores no Brasil: explorando tendências tecnológicas do Carbeto de Silício e oportunidades para o PIM”. O evento foi realizado pelo Instituto Eldorado em parceria com a UEA e a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), na semana passada, em Manaus.

No seminário, promovido no campus da Ufam, localizado no bairro Coroado, zona leste da capital, estiveram presentes representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec) e da FHNW University, da Suíça.

O diretor do Departamento de Incentivos às Tecnologias Digitais (Deinc) do MCTI, Hamilton Mendes, afirmou que é importante promover essas discussões em Manaus, cidade que abriga um dos maiores polos industriais do país. Para ele, a participação universitária no impulso à produção local de semicondutores é fundamental e deve ser incentivada.

“Senti muitos pontos de conexão entre ações que a Universidade do Estado do Amazonas desenvolve e algumas ações que o MCTI está liderando para implantar em nível nacional. Inclusive, já deixei em aberto a possibilidade de virmos a ter conversas posteriores de maneira a unir esforços com a UEA, envolvendo a Suframa”, declarou o representante do MCTI.

Expectativas

O projeto do Brasil Semicon exige que as empresas beneficiadas invistam 5% de seu faturamento bruto em PD&I. Ao mesmo tempo, autoriza o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) a financiarem o segmento, em diferentes atividades da cadeia produtiva, desde o design até os testes finais de chips e outros dispositivos baseados em semicondutores.

Na prática, o incentivo à produção local de semicondutores deve reduzir o custo de produção e permitir que os consumidores tenham acesso a eletrônicos mais baratos e de qualidade. Estima-se que o gasto global com TIC supere US$ 5 trilhões em 2024. No ano passado, dos US$ 3,2 trilhões investidos mundialmente, o Brasil obteve apenas 1,6% (US$ 50 bilhões).

Com o Brasil Semicon e a consequente redução da dependência externa, a ideia do governo federal é posicionar o Brasil como fornecedor preferencial na cadeia de suprimentos do mercado externo, passando a fornecer chips para os principais desenvolvedores globais de tecnologia, como os EUA.

Parque tecnológico

Na esfera de governo, representantes da UEA já se reuniram com o vice-governador do Estado, Tadeu de Souza, para dar andamento às tratativas em torno do Parque Tecnológico, projetado para ser construído no complexo da EST. Na unidade, já existem experiências bem-sucedidas de projetos de PD&I em parceria com empresas do PIM, com destaque para a Samsung e a TecToy.

A ideia é que o Parque Tecnológico da UEA abrigue incubadoras, crie novas empresas de base tecnológica competitivas e estimule a transferência de tecnologias gerando qualificação de mão-de-obra local e novos empregos.

Expressoam:

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