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Três meses de luta, lágrimas e fé até a vitória contra a Covid em Manaus: “A vida do Jair é um milagre”

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IRANDUBA-AM| 90 dias lutando contra um inimigo invisível e  cruel. Três meses lutando pela vida. Falta de ar, cansaço, intubação, sequelas e tudo mais que a Covid-19 podia usar como arma, todas elas vencidas pela funcionário público Jair Marques, de 50 anos, filho do município de Iranduba e que nesta terça-feira (23) contou com exclusividade sua história de superação nesta pandemia. 

A batalha começou no dia 16 de janeiro deste ano, no momento que o Estado enfrentava a segunda onda da Covid-19 e muitos morriam nos hospitais. Uma das sobrinhas do vigia, desesperada, publicou nas redes sociais um vídeo pedindo socorro.

A irmã de Jair, Maxiléia, foi à luta e hoje colkhe a vitória. “Ele passou 15 dias doente em casa, indo e voltando para o hospital até que internaram. Teve um dia que eu cheguei lá, ele estava morrendo. Estava com os pés, mãos e corpo praticamente desfalecidos. Me disseram que precisavam intubar. Não aceitei! Eu sabia que não ia aguentar. Por que meu irmão é obeso, hipertenso, cardíaco e estava com os pulmões comprometidos. A gente cantava bem baixinho e ele cantava com dificuldade”, revelou, fortemente emocionada.

BATALHA

Naquele momento, não havia leitos para pacientes vindos do interior. “Eu cheguei ao hospital e um enfermeiro me chamou e disse – você precisa transferir seu irmão, mas só vai conseguir isso na Justiça – foi o que eu fiz, liguei para alguns advogados mas eles cobravam o olho da cara e não tinha dinheiro e estava ficando sem tempo. Então, agi com Deus. Segurei firme nas mãos do Senhor e bati na porta do Ministério Público. Para onde me mandavam eu ia. Bati em várias portas até que uma vez me avisaram que eu tinha conseguido”, relembra a irmã, que fez o papel de mãezona.

Mas não foi só ela. Os demais 10 irmãos se uniram na fé e na luta. “Meus irmãos e irmãs foram guerreiros. Enquanto eu estava no hospital, eles ficavam em casa, de joelhos. Quando um parava o outro começava. Assim foram esses três meses. Até que alguns se recuperaram e puderam vir ajudar no hospital”, disse.

A MORTE DO MEU LADO

Segundo Maxiléia, durante os 90 dias, Jair lhe revelou que viu a morte de perto. “Ele dizia que via coisas nas paredes. No dia 29 de janeiro me chamaram era 2h da manhã para falar que precisavam intubá-lo porque não tinham mais nada para fazer. Ele puxava o ar e gritava de dor”, revelou Maxiléia, chorando ao telefone.

Foram 12 dias assim, no Delphina. Em seguida, uma transferência para o Hospital Geraldo da Rocha, no bairro Colônia Antônio Aleixo, sinal de que o jogo virou. 

SEQUELAS

Hoje, em casa, a batlaha não acabou. Assim como muitos que entram na lista dos recuperados e seguram a plaquinha, o confronto é com as sequelas. “Meu irmão ficou muito agressivo. Teve uma vez que precisaram amarrá-lo para poder conter. A Covid-19 também fez ele ter amnésia, esqueceu da gente. Não falava mais. Paralisou os rins e emagreceu 40 quilos. Meu irmão pesava 130 quilos e hoje está com 90. A luta foi grande”.

Agora Jair vai precisar reaprender praticamente tudo. “Tem horas que ele faz xixi sem perceber. Já lembra da gente. Fala devagar e vai precisar fazer fisioterapia”.

Mesmo com tanto sofrimento, Jair Marques é guerreiro, é vencedor. “A vida do Jair é um milagre e agora ele me chama de mãe. Deus permitiu que ele ficasse conosco… Venceu a Covid19 e todas as sequelas que foram deixadas, venceremos também ou melhor já venceu. Eu creio louvado seja Deus! Obrigado a todos pelas orações… família, famíliares, amigos de longe e de perto e principalmente a Deus toda nossa gratidão. Jair voltou para o lar”.

Charles Severiano:

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