AMAZONAS – Seguindo tendência global no meio científico, a Escola Superior de Tecnologia da Universidade do Estado do Amazonas (EST/UEA) está trabalhando na implantação do Laboratório de Tecnologias e Inovações Quânticas (Labtiq), o primeiro da região Norte nessa modalidade. A iniciativa marca o início dos investimentos da instituição na tecnologia emergente, considerada a próxima revolução na transformação digital.
Com potencial promissor, especialmente para o Polo Industrial de Manaus (PIM), a computação quântica tem a capacidade de desenvolver cálculos com maior velocidade e decifrar códigos, sendo eficaz na resolução de problemas complexos, diferente dos computadores tradicionais. Estudos apontam que essa tecnologia está prestes a ser adotada em larga escala, com aplicações práticas para diversas indústrias.
O reitor da UEA, Prof. Dr. André Zogahib, destaca que um dos objetivos da criação do Labtiq é promover pesquisas científicas e novas parcerias em uma área estratégica, que está movimentando bilhões mundialmente e pode ser usada, por exemplo, na produção industrial, na descoberta de medicamentos e até mesmo em sistemas de prevenção de incêndios florestais.
“A implementação da computação quântica na UEA desempenha um marco evolucional no nível tecnológico dos nossos laboratórios. É uma ferramenta crucial pra diversas áreas do conhecimento, agora temos a responsabilidade de auxiliar na resolução de problemas complexos que envolvem todo o ecossistema e o futuro do planeta”, enfatizou o reitor.
Para o diretor da EST/UEA, Prof. Dr. Jucimar Maia Jr., o novo espaço mostra que a universidade está em sintonia com as tendências do mercado de tecnologia, formando pessoal especializado. O diretor também aponta que o Labtiq ajudará no aprimoramento de ferramentas desenvolvidas na unidade de ensino, como o aplicativo Selva, que mede as condições climáticas do Amazonas.
“A computação quântica é a evolução da tecnologia que faz parte do dia a dia de todos nós. Com o apoio do reitor André Zogahib, estamos nas tratativas para criar a estrutura necessária para a formação de estudantes na área de computação quântica, colaborando com as inovações que as empresas da Zona Franca de Manaus necessitam”, afirma o diretor.
Mercado
Na EST/UEA, os estudos em computação quânticas são liderados, atualmente, pelo Prof. Dr. Manoel Azevedo, autor de ensaios e obras literárias nas áreas de criptografia e computação quântica desde 2006. Segundo o professor, o impacto da computação quântica na forma como a humanidade interage com o mundo digital será similar ao das ferramentas de IA.
Ainda de acordo com Azevedo, os computadores quânticos também podem ser usados na criptografia para proteger informações de usuários dos aplicativos de internet (cibersegurança), no gerenciamento do trânsito em grandes cidades e no uso da biodiversidade como ferramenta de desenvolvimento sustentável.
“É possível utilizar a computação quântica em prol do desenvolvimento sustentável da nossa floresta, sem causar qualquer tipo de problema. Nós podemos aprimorar sistemas que localizam focos de incêndio e verificam a questão da temperatura e da estiagem. Também é possível utilizar a computação quântica para melhorar a produção de produtos da floresta como o açaí, por exemplo. As perspectivas são muito boas”, explica.
Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), publicada em 2024, aponta que a computação quântica deve maximizar as capacidades de Big Data Analytics (processo que analisa grandes volumes de dados para obter informações que orientam decisões), além de poder se integrar com a IA e a Internet das Coisas (IoT), impulsionando a transformação digital.
Diante desse cenário, Azevedo acredita que o novo laboratório em implantação na EST/UEA será estratégico para o Amazonas. “O Labtiq vem dar total apoio não só para comunidade acadêmica, mas também para o PIM, em termos de tecnologias, de inovações tecnológicas quânticas. Hoje, temos três alunos da UEA, que são bolsistas e trabalham na EST, e eu, que sou pesquisador desde 2006”, ressalta.