ATALAIA DO NORTE (AM) – A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) divulgaram um manifesto que cobra o presidente da República, Jair Bolsonaro, e o acusa de descaso com os povos indígenas da Terra Indígena Vale do Javari. A organização diz que há dois anos “dezenas de ofícios para diferentes órgãos públicos” foram enviados informando sobre os ataques e invasões recorrentes, mas nada foi feito.
Eles citam a Fundação Nacional do Índio (Funai), e suas instâncias locais (Coordenação Regional e Frente de Proteção Etnoambiental Vale do Javari); o Ministério Público Federal; a Polícia Federal e a Secretaria de Estado da Casa Civil do Governo do Amazonas.
A organização revela que nos ofícios encaminhados para as autoridades competentes há denúncias sobre a “presença de balsas de garimpo nos rios Jutaí e Curuena, onde habitam nossos parentes Kanamari, Tsohom-dyapa de recente contato e os isolados korubo”.
A Univaja diz que, inicialmente, após envio dos ofícios, as autoridades solicitavam informações mais “qualificadas” sobre as invasões. Dessa maneira, a organização criou Equipe de Vigilância da Univaja (EVU) em agosto de 2021, que tem o objetivo de monitorar e qualificar “as informações sobre invasores e entregar para que as autoridades tomassem as providências necessárias”.
O Evu, segundo o manifesto, contava com o indigenista Bruna Pereira, um dos desaparecidos, como consultor técnico. A Univaja cita ainda, o caso do servidor da Funai, Maxciel Pereira dos Santos, que foi morto em 2019 e ainda não teve o inquérito concluído.
“Até hoje aguardamos respostas sobre o inquérito da morte do Maxciel. A omissão do governo Bolsonaro tem afetado diretamente nossas vidas. Vivemos inseguros em nossas aldeias. Os invasores saqueiam nossos alimentos, nossos peixes, nossas caças, nossos minerais para extrair lucro”, diz trecho.
O manifesto finaliza cobrando forças armadas e policiais presentes no município de Atalia do Norte.
“Queremos que as forças armadas e policiais presentes em Atalaia do Norte se engajem conosco na busca porque nós somos aqueles que conhecem o Vale do Javari. A atuação das forças armadas deve ser continuada, mesmo depois que encontrarmos Bruno e Dom, porque precisamos de proteção do nosso território. A Funai Brasília não tem sido nossa parceira, tem nos atacado através de notas mentirosas veiculadas na mídia. É a Funai que tem sido omissa em nossa região diante dessa problemática. O Vale do Javari é nossa terra e somos nós que sabemos andar na região”, conclui.