Manaus – Dois ex-executivos da Odebrecht estão contando à Polícia Federal detalhes sobre o esquema montado pela empreiteira com o Grupo Petrópolis para lavar dinheiro de propina. O nome do prefeito de Manaus, Artur Virgílio Neto (PSDB), aparece como um dos beneficiados por doação eleitoral de R$ 100 mil feita com dinheiro sujo, segundo notícia divulgada nesta sexta-feira (16) pelo Estadão.
Benedicto Júnior, o BJ, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, e Luiz Eduardo Soares, o Luizinho, funcionário do Setor de Operações Estruturadas, o departamento da propina contaram que a empresa transferiu R$ 100 milhões para uma conta operada pelo contador do Grupo Petrópolis no Antígua Overseas Bank (AOB). Em contrapartida, empresas do grupo repassavam pagamentos a terceiros em território brasileiro. Seria uma estratégia para dificultar o rastreamento do dinheiro destinado a corrupção.
Ao menos duas empresas, segundo Luizinho, a Praiamar e Leyros Caxias, teriam sido utilizadas para escoar o dinheiro do departamento de propina para campanhas nas eleições de 2010 e 2012. Os delatores prometeram entregar aos investigadores planilhas das contribuições eleitorais executadas pelo Grupo Petrópolis.
O prefeito de Manaus, Arthur Virgilio, afirmou que recebeu, de modo legal e com o devido registro na Justiça Eleitoral, R$$ 80 mil, “a título de colaboração da empresa Odebrecht, através de sua subsidiária Leyroz de Caixias Indústria, Comércio e Logística” para a campanha de 2010. “Essa é a verdade única”, afirmou o prefeito.
Doações
Em 2010, a Leyroz doou cerca de R$ 4,3 milhões para políticos do PT, PMDB, PP, PSDB, PV, DEM, PTC, PSB, PSDC e PSOL. Nas eleições de 2012, a empresa repassou outros R$ 560 mil para candidatos do PSB e PMDB. Por sua vez, a Praiamar, em 2010, doou R$ 1,1 milhão para os mesmos partidos destinatários dos valores da Leyroz. Em 2012, foram mais R$ 1,5 milhão para PSB, PMDB, PPS e PCdoB.
Entre os políticos que receberam as doações da empresa, segundo as executivos delatores, por conta e ordem da Odebrecht, estão alguns que já apareceram em delações anteriores, como os repasses em 2010 a Aécio Neves (PSDB-MG), no valor total de R$ 120 mil, Ciro Nogueira (PP) com R$ 200 mil, o tucano Artur Virgílio (R$ 100 mil), Heráclito Fortes do PSB-PI (R$ 100 mil), o tucano Jutahy Magalhães (30 mil).
Para os pagamentos em espécie, segundo Luizinho, a Odebrecht acionava o operador Álvaro José Galliez Novis, que já foi alvo da Lava Jato, para distribuir o dinheiro fornecido pelo Grupo Petrópolis. De acordo com as anotações de Maria Lúcia Tavares, secretária do departamento da propina, Novis atuava sob o codinome da conta “Carioquinha” e “Paulistinha” e era diretor da Hoya Corretora de Valores.
Segundo relatório da PF, ele é sobrinho de Álvaro Pereira Novis, ex-dirigente da Odebrecht na área de apoio e desenvolvimento de oportunidades. Os investigadores já haviam encontrado indícios da relação entre o Grupo Petrópolis e a Odebrecht na 23.ª fase de 279 políticos de 22 partidos. Com Benedicto Júnior, a Polícia Federal apreendeu uma planilha na qual “Itaipava” está anotada à mão ao lado de um repasse de R$ 500 mil para Luís Fernando Pezão (PMDB), atual governador do Rio de Janeiro.
Com informações Estadão e Portal Acrítica.