MANAUS – Endividado, em recuperação judicial e devendo trabalhadores, o empresário dono do Grupo SHC, Sérgio Habib, está nas redes sociais atacando a Zona Franca de Manaus e dizendo que o Polo deveria acabar. Apesar de não pagar as contas em dia, ele diz que a ZFM é um paraíso que faz o Brasil perder arrecadação. O vídeo dele atacando a ZFM no PodCast é um um “show de horrores e desinformação”.
Sérgio reclama que os brasileiros vão pagar mais Imposto sobre Valor Agregado (IVA) para ‘manter uma cidade no meio da Amazônia”. Cheio de preconceito, ele afirma que os brasileiros pagaram caro para gerar “200, 300 mil empregos”.
Sérgio diz que Manaus não passa de “uma ilha sem estrada” e que a ZFM é um peso nas costas e chama a ZFM de “mamata”.
NÚMEROS
O Polo Industrial de Manaus (PIM) faturou em 2023 o montante de R$ 173,47 bilhões, o segundo melhor resultado nominal em moeda nacional, equivalendo a um decréscimo de 2,51% na comparação com o acumulado em 2022 (R$ 177,92 bilhões), detentor do recorde histórico. Em dólar, o faturamento do PIM entre janeiro e dezembro do ano passado totalizou US$ 34.79 bilhões, representando um crescimento de 0,21% em relação ao apurado em 2022 (US$ 34.71 bilhões) e o melhor resultado nominal na moeda estrangeira desde 2014 (US$ 37,12 bilhões).
Ainda de acordo com os indicadores industriais, a mão de obra empregada do PIM fechou o mês de dezembro de 2023 com 112.230 trabalhadores, entre efetivos, temporários e terceirizados, significando elevação de 0,66% em relação a dezembro de 2022 (112.163). No acumulado do ano passado, a média mensal de empregos do PIM ficou estabelecida em 112.595 postos de trabalho, marca 1,46% superior à média mensal atingida em 2022, que foi de 110.976 empregos. A média mensal de 2023 também é a melhor desde o ano de 2014, quando a média mensal da mão de obra foi de 122.553 empregos. Desde outubro de 2020, o PIM mantém consecutivamente marca mensal superior a 100 mil empregos. Em 2023, ocorreram 34.364 admissões e 32.615 demissões, perfazendo o saldo de 1749 vagas.
Subsetores e produtos
Ao faturar em 2023 o montante de R$ 42,55 bilhões, o polo de Bens de Informática permanece como subsetor com maior participação no resultado global de faturamento do PIM, respondendo por 24,53% do total. Outros segmentos de grande representatividade no PIM em 2022 foram o Eletroeletrônico, com faturamento de R$ 32,46 bilhões e participação de 18,72%; Duas Rodas, com faturamento de R$ 30,81 bilhões e participação de 17,76%; o Químico, com faturamento de R$ 17,12 bilhões e participação de 9,87%; e o Termoplástico, com faturamento de R$ 14,51 bilhões e participação de 8,37%.
No comparativo do faturamento nominal dos subsetores entre 2023 e 2022, destacam-se os crescimentos percentuais dos segmentos de Vestuário e Calçados, com 35,06%; seguido pelo Naval, com 30,14%; o Editorial e Gráfico, com 28,17%; e o de Duas Rodas, com 17.97%.
Em termos de volume de faturamento apresentado, os principais produtos fabricados pelo PIM em 2023 foram: motocicletas, motonetas e ciclomotos (R$ 24,65 bilhões e US$ 4.94 bilhões); televisores com tela de LCD e OLED (R$ 21,10 bilhões e US$ 4.23 bilhões); telefones celulares (R$ 14,62 bilhões e US$ 2.91 bilhões) e condicionadores de ar tipo split system (R$ 8,60 bilhões e US$ 1.72 bilhão).
Já em termos de crescimento percentual da produção na comparação com o ano anterior, os maiores destaque foram as unidades condensadoras para split system, com 311.054 unidades fabricadas e 328,06% de crescimento; as unidades evaporadoras para split system, com 402.470 unidades produzidas e crescimento de 194,71%; e receptores de sinal de televisão, com 4.157.725 unidades fabricadas e crescimento de 140,70%.
Avaliação
Para o superintendente da Suframa, Bosco Saraiva, os números alcançados em 2023 reafirmam a capacidade de resiliência e superação de desafios do PIM. “É importante destacar que, mesmo enfrentando a maior vazante da história, que impactou o abastecimento de insumos e acarretou férias coletivas em períodos atípicos, ainda assim, os empreendedores e trabalhadores do parque fabril de Manaus garantiram o segundo melhor faturamento e a elevada marca de mais 112 mil postos de trabalho, a melhor desde 2014”, frisou.
Conquista
O superintendente também destaca que 2023 será lembrado como ano de conquista por causa da manutenção das vantagens comparativas da ZFM na reforma tributária. “A reforma tributária consolida a ZFM como uma área propícia para investimentos, e o PIM demonstra estar pronto para superar desafios, como os enfrentados pela seca histórica. A ocorrência impõe a adoção de medidas preventivas de logística por parte das empresas e das obras de dragagem dos rios. Ações que podem também nos ajudar a ampliar em 2024 os resultados obtidos ano passado e, sobretudo, melhorar a qualidade de vida dos moradores da nossa região”, salientou.
ENDIVIDADO
Sérgio é um devedor famoso. Ele acumula dívida total acima de R$ 1 bilhão. A informação consta de um relatório encaminhado à Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, datado de 31 de março de 2021, diz a agência AutoData. O Grupo SHC está em processo de recuperação judicial desde setembro de 2019, quando seu pedido foi homologado pela Justiça.
Segundo o relatório, produzido por empresa especializada, o Grupo SHC, incluindo as atividades relacionadas à Jac Motors, compreende ao todo 38 empresas, sendo, destas, quatro holdings. Todas estão abrigadas no programa de recuperação judicial e, segundo o relatório, Sérgio Habib é o controlador direto ou indireto das 38 empresas.
O relatório aponta que dentro do escopo da recuperação judicial o Grupo SHC totalizava, até 31 de março, R$ 566 milhões em débitos. Destes, R$ 40 milhões se referem a dívidas trabalhistas, R$ 10,8 milhões a dívidas com garantia, R$ 510,9 milhões a dívidas sem garantia e R$ 4,3 milhões em dívidas a micro e pequenas empresas.
Também de acordo com o relatório o Grupo SHC acumula ainda outras dívidas, fiscais e tributárias, que estão fora do acordo de recuperação judicial. Neste caso o valor devido, até o fim do ano passado – último dado disponível –, é de R$ 537 milhões.
Ainda dentro destes débitos fora do acordo, sempre segundo o relatório, há uma dívida com bancos, atualizada até fevereiro de 2021, de R$ 56,7 milhões.
Assim, somando os R$ 566 milhões em débitos ligados à recuperação judicial e os R$ 537 milhões em débitos não sujeitos aos seus efeitos, o total aponta cerca de R$ 1,1 bilhão.
Veja o que o empresário fala da ZFM: