RORAIMA – Com a crise humanitária na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, numa área de mais de 96 mil km², cerca de 20 mil garimpeiros tentam ir embora após o Governo Federal sinalizar que vai banir a prática na região. Impossibilitadas de usarem o meio áereo desde o dia 31 de janeiro, mulheres de garimpeiros pediram ajuda nas redes sociais para serem resgatadas.
A Força Aérea Brasileira (FAB) está monitorando o espaço aéreo com radares de alta precisão para identificar voos clandestinos de garimpeiros. Os equipamentos superpotentes são capazes de identificar as naves e fazer a interceptação. Apenas naves autorizadas pelo Ministério da Defesa podem trafegar.
Por meio terrestre, as mulheres contam que são 30 dias andando e que não possuem condições de fazer o trajeto desta forma. “Peço ajuda para que acionem o ‘Recursos Humanos’. Não estão resgatando ninguém e daqui a pouco os índios vão ficar estressados porque a gente que dá comida pra eles. Daqui há uma semana não vai mais ter”, disse uma das mulheres, que fala pelas outras.
Ainda segundo a mulher, um casal chegou a tentar fazer a travessia a pé, mas teria sido assassinado no caminho por criminosos. Mesmo com o espaço aéreo moitorado pela FAB, ela diz que alguns voos ainda são feitos. “São 30 dias andando, a gente é mulher. Os helicópteros estão cobrando R$ 15 mil. A gente tem R$ 3 mil pra sair, mas R$ 15 mil não dá. Eles querem ‘enricar’ numa situação dessas”.
Pistas de pouso que atendem o garimpo ilegal ainda estariam na área, segundo denúncia que consta no relatório divulgado pelo Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente de Roraima (Cedcar). Os empresários cobram até R$ 8 mil para transportar os garimpeiros, valor que depois é descontado deles mesmos durante o trabalho no garimpo, que agora amarga.
No entanto, com a operação de resgate dos indígenas na área e a retirada dos garimpeiros ilegais sendo uma prioridade do Governo Federal, muitos já estão tentando ir embora e agora sofrem para conseguir sair da região.
Por meio terrestre, segundo o líder indígena Junior Yanomami, em entrevista à Agência Brasil, os fazendeiros chegam a cobrar R$ 300 de pedágio para os indígenas que tentam chegar em Alto Alegre em busca de comida, mantimentos, sacar benefícios e outros atendimentos.
Ajuda aos indígenas
Uma nova comitiva com representantes do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) chega à região Yanomami na próxima segunda-feira (6). Ela dará continuidade ao trabalho, da comitiva anterior, de coletar informações e diagnósticos sobre a tragédia humanitária em territórios indígenas em Roraima.
Grupos profissionais voluntários desembarcam em Roraima neste domingo (5). Ao todo são 40 profissionais — entre nutricionistas, farmacêuticos, assistentes sociais, médicos e enfermeiros – habilitados no programa do Ministério da Saúde.
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