AMAZONAS – Em um cenário marcado por uma seca histórica que tem impactado rios e isolado populações na região amazônica, o governador do Amazonas, Wilson Lima, e parlamentares do estado se dirigiram ao Palácio do Planalto em busca de apoio para a pavimentação da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho. Em um encontro com o vice-presidente Geraldo Alckmin e sete ministros, incluindo Rui Costa (Casa Civil), Renan Filho (Transportes), Marina Silva (Meio Ambiente) e outros, a pressão política ficou evidente.
A BR-319 tem sido uma pauta contenciosa há décadas, uma vez que sua pavimentação é vista como essencial para reduzir o isolamento de comunidades nos estados do Amazonas e Rondônia. A seca severa tem dificultado a navegação em muitos trechos da Amazônia, tornando a estrada uma possível solução para os problemas de acessibilidade enfrentados pela região.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) incluiu estudos para a pavimentação da BR-319 no Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), mas condicionou sua realização à viabilidade ambiental. Essa medida dividiu o governo, com ministros como Marina Silva, do Meio Ambiente, se mostrando contrária à pavimentação, enquanto Renan Filho, dos Transportes, expressou apoio.
O governador Wilson Lima deixou claro a importância do comprometimento político do governo federal com a pavimentação da BR-319.
Em suas palavras: “O que a gente precisa é de um comprometimento político [do governo federal]. A gente precisa entender o seguinte: há determinação do governo federal, há interesse efetivo de que a BR-319 caminhe? É complexo. Mas é impossível? Não é impossível. Então é necessário que seja garantido o direito que é básico do cidadão do estado do Amazonas.”
A pressão pela pavimentação ganhou força quando o vice-presidente Geraldo Alckmin visitou a região no início do mês e anunciou a criação de um grupo de trabalho para analisar o empreendimento. A reunião no Planalto também abordou as medidas de combate à crise do Amazonas, com Alckmin anunciando um aumento no financiamento, somando até R$ 647 milhões em verbas destinadas a medidas de combate à seca e apoio às comunidades afetadas.
A pavimentação da BR-319 enfrenta forte resistência por parte dos ambientalistas, que argumentam que a obra pode levar à grilagem de terras públicas, ao desmatamento ilegal e à exploração criminosa de madeira. Em 2022, o então presidente do Ibama emitiu uma licença prévia para a pavimentação de parte da rodovia, causando controvérsia e oposição por parte de organizações da sociedade civil e comunidades indígenas diretamente afetadas.
A situação da BR-319 permanece como um ponto crítico de debate no cenário político do Brasil, onde a necessidade de acessibilidade na região amazônica entra em conflito com as preocupações ambientais e a proteção das terras indígenas.