Com essas publicações, o jovem de 17 anos, morto na última segunda-feira (18), chegou a ter 790 mil seguidores no Facebook, 37 mil no Twitter e 323 mil no Instagram.
De seu passado, sabia-se pouco: que ele nasceu em Villa Juarez, no Estado de Sinaloa, que sua mãe o deixou morando com sua avó e que ele não conhecia seu pai.
Aos 15 anos, ele saiu de casa antes de terminar o colégio e foi para a cidade vizinha de Culiacán, também em Sinaloa, onde se dedicou a lavar carros nas ruas.
Até que suas fotos e vídeos começaram a viralizar no México. Além de beber álcool e usar drogas, o jovem posava com maços de dinheiro, mulheres, carros de luxo e armas.
Pessoas que acompanhavam as filmagens incitavam o jovem a ficar bêbado e se drogar enquanto riam.
Eles também comemoravam as excentricidades do pirata, como gabar-se montado em um cavalo, ou ficar perto de um tigre de bengala.
Com a notoriedade que esses vídeos ganharam, diversos cantores famosos passaram a pedir para que o Pirata de Culiacán aparecesse em seus clipes. O jovem também passou a ser contratado para participar de eventos, segundo a imprensa mexicana.
Lagunas Rosales tinha algumas características marcantes. Uma delas era seu lema: “Então já era”. Outra eram as tatuagens que tinha em seus braços – um tigre e um pirata. Foram elas, inclusive, que ajudaram a identificar seu corpo, após o assassinado.
Insulto perigoso
Os comentários que supostamente lhe custariam a vida começaram a circular nas redes sociais, de acordo com alguns veículos da imprensa mexicana, no início de novembro. No dia 9, o Pirata de Culiacán publicou um vídeo em que, talvez, tenha ido longe demais.
Em menos de 10 anos, este grupo passou de algo restrito para uma organização com presença em nove Estados do país, ao qual são atribuídos centenas de assassinatos.
Oseguera Cervantes é um dos dois homens mais procurados no México. Mas o pirata não se importou. “O Mencho para mim descasca meu pau”, disse o adolescente no vídeo.
Depois de mais de um mês, nesta segunda-feira, o pirata anunciou nas redes sociais que naquela noite ele iria para o bar “Menta2 Cantaros” e disse o horário que chegaria. Essa foi a sua última aparição na internet.
Assim que ele chegou ao bar, homens armados apareceram e começaram a atirar contra ele.
O pirata recebeu cerca de 15 tiros e um segundo homem também morreu no tiroteio.
Vingança?
A imprensa mexicana começou a lidar com a hipótese de que o pirata foi morto por insultar El Mencho.
Um grupo de repórteres perguntou ao procurador-geral do Estado de Jalisco, Raúl Sánchez, se isso era verdade.
“Aparentemente, há um vídeo onde ele faz asserções, mas desconhecemos se ele tem alguma conexão com esse fato”, respondeu Sanchez em entrevista à BBC Mundo.
“Seus vídeos são muito agressivos. Está sendo investigado como ele chegou (no bar) e com quem ele chegou, para descobrirmos o que aconteceu”.
A BBC Mundo procurou a polícia de Guadalajara, do Estado de Jalisco, onde o assassinato ocorreu para comentar o caso, mas não recebeu resposta.
Assim que a notícia de sua morte se tornou conhecida, um de seus amigos publicou o trecho de uma música na página do Facebook do pirata.
“A fama veio a mim do nada, vivi a vida como pude e dou graças a Deus pelo que tive”, diz a canção.
A homenagem revela que, embora sua permanência no mundo tenha sido curta, “muitos se lembrarão” de Pirata.
Com informações BBC