MANAUS (AM) – Em entrevista na reitoria da Universidade do Estado do Amazonas, o presidente do Centro das Indústrias do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, disse que entre um a dois anos as empresas podem começar a deixar a Zona Franca de Manaus (ZFM), caso o decreto que reduz o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) não seja revertido pelo presidente Jair Bolsonaro.
A possível saída em massa ainda não seria imediata, mas o presidente afirma que a insegurança jurídica já pode afetar o setor.
“Todas as indústrias têm um planejamento e muitos dos itens que as indústrias consomem levam de 6 a 8 meses para serem preparados. O que vai acontecer é que esse planejamento vai ser interrompido e novos modelos, que estão iniciando, muito provavelmente não serão planejados para serem produzidos aqui. Daqui um ano ou dois anos a gente começa a ter um esvaziamento”, declarou Wilson Périco.
O presidente do Cieam lembrou ainda que o governo federal foi quem fez a promessa ao governo do estado do Amazonas, dizendo que ia revogar o decreto, o que não foi cumprido. Por conta disso, o governador Wilson Lima (UB) deve tentar manter o diálogo com o governo federal.
Wilson evitou atribuir a culpa das medidas desfavoráveis ao modelo ZFM ao presidente da República, mas, segundo ele, o maior entrave da indústria local é o ministro da Economia e a secretária, Daniella Consentino pois ambos “muito antes de assumirem [seus cargos], tem um posicionamento contrário a política de incentivos fiscais, principalmente com o modelo Zona Franca”.
“Nós precisamos mudar de atitude. Ou nós passamos a nos posicionar com altivez do tamanho desse estado ou pessoas de Brasília ou do eixo de São Paulo vão continuar querendo meter o dedo e dizer o que nós do Amazonas e da Amazônia devemos fazer, como fazer e o que faremos”, reforçou Périco.